CURSO SOBRE MÚLTIPLAS REPRESENTAÇÕES E OBJETOS DE APRENDIZAGEM PARA ENGENHEIROS-PROFESSORES QUE ATUAM NO ENSINO A DISTÂNCIA

Abstract

Bem-vindo(a) a esta proposta de formação continuada para engenheiros-professores que buscam aprimorar suas práticas pedagógicas – em especial, no ensino a distância (EAD), em que a tecnologia está inserida diretamente – e promover uma aprendizagem eficiente, que motive os alunos, independentemente do nível escolar. O principal objetivo desta proposta, sistematizada no formato de um curso, é provocar reflexões sobre a formação docente e as práticas pedagógicas empregadas diariamente pelos professores, transformando a sala de aula em um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), contribuindo para melhorias nos processos de ensino e de aprendizagem. Em uma breve revisão bibliográfica, pontuamos a importância da formação continuada na docência, abordamos a influência das práticas pedagógicas no ensino e nos resultados da aprendizagem. Ao participar da intervenção aqui proposta, os cursistas poderão compreender, por meio de situações teóricas e atividades práticas, diversas estratégias capazes de enriquecer sua prática pedagógica. Pode-se presumir que um curso de formação continuada em serviço, quando oferecido por uma instituição, busca melhorias para a prática profissional. No caso dos professores, caminhamos mais adiante, pois desejamos que tenham conhecimento claro sobre seus saberes tornar o aluno protagonista da sua aprendizagem no processo do ensino e aprendizagem. Sabemos que as demandas exigidas de um professor atualmente são demasiadamente desafiadoras. E considerando a velocidade com que as tecnologias avançam e o quantitativo de informações às quais os alunos são expostos, o ensino não pode permanecer engessado a uma determinada estratégia e às aulas unicamente expositivas. Cabe ressaltar que os procedimentos metodológicos dessas aulas são pertinentes para alguns conteúdos específicos, por isso, são utilizados há tanto tempo. Mas também cabe questionar: uma única estratégia de ensino é suficiente para ensinar todos os conteúdos a todos os alunos? Por qual(is) motivo(s) o ensino não pode valer-se de novas tecnologias, como as Tecnologias Digitais, para ampliar e variar as abordagens metodológicas e os procedimentos utilizados na gestão dos conteúdos? Há tantas formas de se ensinar que, atualmente, não é mais justificável a adoção de apenas uma estratégia. Isso não significa que o ensino tradicional deva ser qualificado como um modelo ruim, mas há de se reconhecer que há diferentes modos de ensinar os alunos, os quais se apresentam cada vez mais diversos. Então, como aprimorar a forma de ensinar? De que maneira podemos ensinar e aprender em meio à tecnologia atraindo os alunos? (MORAN, 2000). Unindo-se a uma sociedade conectada, principalmente após uma experiência de distanciamento social causada pela pandemia da COVID-19, o EAD se destacou como meio viável para manter o ensino. Isso mostrou às Instituições de Ensino Superior (IES), em grande medida, que há possibilidade de ensinar com qualidade e eficiência nesse tipo de configuração, e que os cursos EAD podem sim, preparar profissionais para o mercado de trabalho, beneficiando os discentes de diversas formas, incluindo a questão da flexibilização do tempo e o acesso aos conteúdos e atividades além do horário das aulas. Enquanto gestores de cursos de graduação em Engenharia, observamos em nossa prática que essa área é carente de profissionais pedagogicamente capacitados para o ensino. Durante a graduação, eles desenvolvem predominantemente competências e habilidades técnicas das Engenharias, não para atuarem como formadores de novos engenheiros (professores), mas para atuarem como técnicos em serviços não relacionados à docência. Assim, ao ingressarem como docentes no Ensino Superior, esses profissionais passam a atuar como engenheiros-professores, reproduzindo práticas pedagógicas adquiridas durante sua formação inicial. No entanto, muitas dessas práticas são pedagogicamente distantes das demandas de aprendizagem geradas pelos alunos da atualidade, os quais estão cada vez mais conectados e imersos no universo digital. Explorar competências e habilidades técnicas durante a graduação e deixar conhecimentos pedagógicos (sobre o ensino e a aprendizagem) em segundo plano é um modelo de ensino que perdura há muitos anos. Mesmo se tratando de formação stricto sensu, em que engenheiros-professores atingem titulações mais elevadas, perduram as lacunas sobre os saberes docentes. Esse tipo de saber, necessário à prática profissional do magistério em qualquer nível de atuação, é definido por Tardif (2014, p. 36) como “[...] um saber plural, formado pelo amálgama, mais ou menos coerente, de saberes oriundos da formação profissional e de saberes disciplinares, curriculares e experienciais”. Em geral, espera-se que os cursos de bacharelado, inclusive os de Engenharia, direcionem esforços para formar profissionais capazes de uma atuação técnica, que não seja ligada ao ensino. Todavia, esses mesmos cursos dependem de professores para formar os seus estudantes. Esses professores, na maioria das vezes, não dispõem de um repertório de saberes docentes (TARDIF, 2014) que possa ser mobilizado para gerar uma aprendizagem efetiva nos seus alunos. Muitos deles apoiam-se em premissas já superadas, como a de acreditar que para ser um bom professor basta saber o conteúdo, ter bom senso, intuição, talento, experiência ou cultura, como demonstrado por Gauthier (1998). Em nossa experiência profissional enquanto coordenadores de curso de Engenharia, constatamos que não existe uma preparação efetiva na graduação para que o engenheiro-professor atue em uma sala de aula. A bem da verdade, eles são escolhidos ou direcionados ao magistério em razão de dominarem um conteúdo específico. Mas será que apenas o conhecimento sobre um determinado conteúdo é suficiente para ensinar bem? Darling-Hammond (2014, p. 232) investigou recorrentemente essa problemática e concluiu que independentemente da área de conhecimento, somente professores “[...] amplamente preparados e certificados obtêm, em geral, melhores resultados e são mais bem-sucedidos com os alunos”. Se há dúvidas quanto à formação do engenheiro-professor para atuar em sala de aula, reconhece-se, portanto, que os currículos apresentam lacunas relacionadas a conteúdos responsáveis por contribuir para o conhecimento de práticas pedagógicas. Sendo assim, cabe a dúvida do quanto um profissional dessa área está preparado para encarar uma sala de aula e, mais, para lidar com as inovações que vêm transitando no ensino por conta da tecnologia digital? Sendo egresso do ensino presencial, o engenheiro-professor encontra resistência e limitações para atuar no EAD? Sabemos que nos processos formativos os professores são fundamentais, pois são os responsáveis pela organização do ensino, independente da modalidade. Por isso, levantam-se tantas questões sobre sua atuação em configurações não tradicionais, como o EAD, e seu repertório de saberes nesse contexto.