ENSINO DE ASTRONOMIA E EDUCAÇÃO ESPECIAL: SEQUÊNCIA DE ATIVIDADES COM BASE NO DESENHO UNIVERSAL PARA APRENDIZAGEM E NAS MÚLTIPLAS REPRESENTAÇÕES

Abstract

O presente material didático refere-se à Produção Técnica Educacional, parte integrante de uma pesquisa de Mestrado, que teve por objetivo responder à seguinte questão: De que forma a produção de uma Sequência de Atividades baseada na perspectiva do DUA e das MR pode contribuir para o Ensino de Astronomia referente ao conteúdo das Estações do Ano, nos anos finais do Ensino Fundamental? Deste modo, a intencionalidade deste produto educacional é dar suporte aos professores de Ciências, bem como abordar estratégias de práticas a serem aplicadas nas aulas, como mediação no processo de aprendizagem a todos os alunos da sala de aula. Nesta produção, o leitor encontrará um material didático pautado em pesquisa embasada nos referenciais do Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA) e das Múltiplas Representações (MR), que aborda uma Sequência de Atividades (SA) que contempla estratégias de ensino, materiais e recursos, objetivando meios de acessibilidade ao ensino para uma aprendizagem sem barreiras, o que torna este produto educacional uma ferramenta pujante na criação de práticas ajustadas com a diversidade. Para um melhor entendimento ao que se propõe nesta produção educacional, é importante nos reportarmos e contextualizarmos à Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva, ressaltando que só se tornou uma proposta inclusiva nas escolas brasileiras a contar do ano de 2008, no qual foi garantido o acesso ao ensino regular aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Segundo Nunes e Madureira (2015), diante desse cenário, é imprescindível profissionais qualificados para atenderem esse público específico dentro das Instituições de Ensino. Como um marco político institucional, temos a Constituição Federal de 1988 que ensejou ações com a intencionalidade de garantir a igualdade, fato este que pode ser constatado em seu Art. 205 que a educação é direito de todos. Diz ainda, em seu Art.208, na alínea III, que o atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência deveria ocorrer preferencialmente na rede regular de ensino (Brasil, 1988).Nota-se que no decorrer da trajetória para que a concretização da educação inclusiva fosse consumada de modo efetivo, sucedeu-se uma gama de propostas, nas quais foram redigidas diretrizes, em documentos oficiais pelo Ministério da Educação como “Plano Decenal de Educação para Todos” (1993-2003), na “Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional” (Lei Federal 9.394 de 20/12/1996), no “Plano Nacional de Educação” (2000) e em todos os documentos referentes aos parâmetros curriculares da Educação Básica (Brasil, 2003; 1996). A Educação Especial está prevista na LDB de 1996, no Capítulo V, garantindo ações norteadoras Art. 58. Também cabe destaque o Art.59 da referida lei, no Inciso I, que assegura aos educandos com necessidades especiais currículo, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades (Brasil, 1996) Tendo em vista o que evidencia o artigo acima citado, torna-se fundamental a qualificação profissional docente, além de que as políticas públicas, especialmente em educação, envolvam ações consistentes de formação inicial desse professor na área de Educação Especial. No Art. 18 das Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica instituída na Resolução CNE/ CEB Nº 02/2001 de 11/02/2001, estabelece-se a necessidade de os sistemas de ensino proverem professores do ensino regular capacitados para atender essa demanda (Brasil, 2001). Neste contexto, o professor possui papel essencial no processo de aprendizagem, necessitando ter conhecimentos a respeito da sua licenciatura em específico e, além disso, de identificar as especificidades individuais dos seus alunos para melhor planejar e alcançar resultados positivos a respeito da aprendizagem a quem se dirigi, com objetivos precisos para que o currículo seja possibilitado a todos (Blanco, 2004). Partindo da perspectiva de garantir a todos o acesso ao currículo é que consideramos necessária a compreensão pelo professor, da proposta do DUA e das MR. Para a concepção do presente material didático, fez-se necessária a busca de mais um desafio, uma disciplina na qual fosse instigante e estivesse intrinsecamente imbuída no cotidiano dos alunos e dos professores. Dessa forma, nas pesquisas a que mais se encaixou de fato foi a disciplina de Ciências, no conteúdo estruturante Astronomia. A Astronomia é uma das Ciências mais antigas e sempre parece aguçar o interesse humano. Com a ampla pluralidade de conhecimentos, ela se sobressai como uma grande colaboradora dos professores dentro da sala de aula quando conduzida de forma adequada, pois, desperta nos alunos curiosidade, inquietação, além de inspiração e prazer diante dos temas sobre a natureza do universo (Soler; Leite, 2012). Devido a sua ampla abrangência, o Ensino de Astronomia possibilita a compreensão de outras áreas atreladas à Ciência, podendo se tornar um eixo motivador para despertar o interesse e o desenvolvimento de conceitos científicos que estão presentes no cotidiano do aluno, sendo um aliado no processo de aprendizagem no Ensino de Ciências por permitir a visualização, a ampliação e a compreensão de conhecimentos científicos, possibilitando uma formação reflexiva e crítica dos cidadãos da sociedade na qual estão inseridos (Trevisan; Queiroz, 2009). Mesmo com todo vislumbre que o universo causa à humanidade, o que chama atenção é a falta de conhecimento de muitos por essa ciência e principalmente pela má formação inicial ou continuada dos profissionais, no que diz respeito à abordagem da temática com os alunos (Oliveira Filho; Saraiva, 2004). A partir dessa contextualização, é reconhecida a necessidade de pensar uma proposta pedagógica que possa oferecer subsídios teóricos e práticos a professores de Ciências do Ensino Fundamental – Anos Finais. Para a concepção da proposta, foi desenvolvida uma Sequência de Atividades (SA), com o objetivo de aliar o DUA e as MR como uma abordagem para auxiliar o Ensino do conteúdo de Astronomia ministrado na disciplina de Ciências, nos Anos Finais do Ensino Fundamental, tendo como temática principal as Estações do Ano. Os dois aportes teóricos se correlacionam. Segundo Cast (2011), o DUA traz uma abordagem favorável à elaboração de práticas pedagógicas por meio de seus princípios, diretrizes e pontos de verificação. Por sua vez, as MR apoiam a aprendizagem por meio de suas funções pedagógicas, tendo um papel fundamental na compreensão dos conceitos e ideais da ciência (Ainsworth, 2006; Tsui; Treagust, 2013). Partindo desses referenciais, a elaboração desta SA foi pensada para explicar o fenômeno, contando com uma gama de representações; elaboração e confecção de modelos tridimensionais; atividades por meio de diálogo com os alunos para apresentação oral do conteúdo, produção e registro escrito. Nela as atividades foram propostas equacionando meios que provocassem o interesse dos alunos, sustentando o empenho e a perseverança (Cast, 2011; 2014) desenvolvendo nos alunos a cooperação, o trabalho em equipe e principalmente o respeito às diferenças. Visamos proporcionar aos alunos a compreensão e a apropriação do conhecimento científico sobre as Estações do Ano, de maneira a entender e explicar os fenômenos meteorológicos que fazem parte do seu cotidiano. A seguir apresentamos uma síntese da fundação teórica e metodológica que embasou a elaboração desta SA.