Epidemiology of newborn colonization by ESKAPE pathogens on a 20 years period. (Atena Editora)

Abstract

Infecções por microrganismos resistentes aos antimicrobianos têm se tornado prevalentes nas últimas décadas e constituem um sério problema de saúde pública ao redor do mundo. No ambiente da terapia intensiva neonatal (UTIN), a internação prolongada de recém-nascidos (RN), o uso extensivo de antimicrobianos e a utilização de procedimentos invasivos, associados à imaturidade do sistema imunológico, constituem fatores de risco para aquisição de microrganismos multirresistentes. O presente estudo teve por objetivo avaliar a tendência epidemiológica de colonização por patógenos do grupo “ESKAPE”, em recém-nascidos, internados em unidades de terapia neonatal, num período de 20 anos. Foram analisados os resultados de culturas de swab de vigilância de janeiro de 2000 a dezembro de 2019. Foram analisadas todas as culturas realizadas no período e incluídas apenas a primeira cultura positiva de cada RN para determinação da frequência dos microrganismos. Entre os microrganismos multirresistentes mais frequentemente identificados destacam-se os bacilos Gram-negativos (929/1107 – 84,0%). Enterobactérias produtoras de β-lactamases de espectro estendido (ESBL) foram responsáveis pela colonização de 753 (70%) RN. A colonização por Enterobactérias resistentes a carbapenêmicos também foi evidenciada, embora em menor frequência (2%). A densidade de incidência média de Klebsiella pneumoniae ESBL durante o período foi 2,3/1.000 pacientes-dia, tendo variado de zero em 2000 a cerca de cinco em 2013, 2015, 2018 e 2019. Entre os cocos Gram-positivos os mais frequentes foram Staphylococcus aureus resistentes a meticilina (MRSA), identificados em 11% e Enterococcus resistentes a vancomicina (VRE) em 5% das culturas de vigilância. Podemos concluir que a incidência de patógenos do grupo ESKAPE foi elevada nestes 20 anos avaliados, sendo que K. pneumoniae, foram os microrganismos que mais frequentemente colonizaram RN. Considerando que a colonização geralmente precede a infecção, e a elevada mortalidade associada a microrganismos multirresistentes, esta frequência elevada do grupo ESKAPE é bastante preocupante e requer medidas efetivas de prevenção e controle.