FRUI VITA - A alquimia do lazer (Atena Editora)

Abstract

O lazer é geralmente entendido como um fenômeno moderno, produzido no bojo das transformações instauradas pela Revolução Industrial inglesa no transcurso dos séculos XVIII-XIX. Seguindo esta premissa, muitas pessoas consideram que o “tempo” é uma categoria definidora do lazer. Daí decorre, por exemplo, a visão de lazer como um tempo livre, disponível ou conquistado sobre o trabalho, ou, ainda, como um conjunto de atividades recreativas encarregadas de preenchê-lo com intencionalidades diversas: seja para exercer a liberdade pessoal ou para promover o controle social, por exemplo. Obviamente, o lazer pode ser compreendido como uma esfera relacionada ao trabalho, com o qual estabelece contraditórias e íntimas relações. No entanto, é problemático quando o lazer pensado e vivido é subjugado ao trabalho e reforça matrizes eurocêntricas – é como se ele não tivesse sentidos e significados próprios, tampouco outras possibilidades de interpretação e de contextualização. Um dos propósitos deste livro é discutir, de modo geral, a lógica que sustenta as abordagens de lazer circunscritas à modernidade e ao trabalho produtivo, uma vez que elas levam em conta apenas determinados contextos e práticas sociais. Este desafio começa a ser enfrentado nos capítulos que compõem esta obra, que, no entanto, está longe de esgotar o assunto. A alquimia do lazer é essa: ao invés de transformar metais em ouro, ela é a metáfora da transformação da lógica hegemônica que sustenta os estudos sobre o tema para que o lazer seja assimilado e desfrutado com outros sentidos. Um dos elementos que podem contribuir com esta alquimia é a concepção de lazer que guia as reflexões propostas neste livro: o lazer