Religiosidade e sistema prisional: a conversão religiosa como um meio determinante para a sobrevivência no cárcere (Atena Editora)

Abstract

Esta obra é produto de uma pesquisa dividida em dois momentos distintos e se destina a operadores das Ciências Jurídicas e das Ciências das Religiões que desejem adentrar no universo do sistema prisional e suas mazelas e boas práticas. Desde quando a pesquisa foi iniciada o sistema prisional brasileiro enfrentou inúmeras modificações em razão das alterações legislativas entre os anos de 2012 a 2019 na seara penal e processual penal. Neste interim, o encarceramento brasileiro aumentou consideravelmente, levando o Brasil à terceira maior população carcerária do mundo, mas mantendo seu déficit de vagas e de estabelecimentos prisionais adequados aos regimes legais. A pandemia pelo Covid-19, ao menos nos estabelecimentos estudados, não teve maiores consequências, em razão de as visitas serem reduzidas e os procedimentos sanitários serem eficazes, prevenindo contaminações e complicações na gestão da saúde prisional. Embora tenha transcorrido tempo considerável, a realidade dos internos não mudou muito, tampouco suas práticas. Hoje, quase 7 anos após a pesquisa finda, boa parte dos sujeitos ainda está cumprindo pena, no mesmo local ou em unidades diferentes, muitos progrediram de regime e certamente os que são egressos tiveram oportunidade de se manter convertidos ou retornarem às suas crenças originais, uma vez livres do condicionamento forçado do cárcere. De qualquer forma, a religiosidade dos internos foi preponderante para o enfrentamento das crises durante a passagem do tempo, em seu aspecto apaziguador e de esperança por dias melhores. Há de se lembrar que o condenado não vê a linha do horizonte, ele vê um muro e o céu, assim, sua percepção do tempo é sempre marcada com esses elementos, ele não sabe o que encontrará ao sair do presídio, posto que a paisagem muda, a lembrança do que ele viu quando ingressou se perdeu, e ele só imagina o mundo exterior pelos olhos das visitas, quando as recebe. Por isso e por tantas outras questões, a religiosidade nesse ambiente sempre será um elemento auxiliar da gestão prisional e de manutenção da identidade e integridade do interno. Desejo a todos uma ótima experiência!