MENINOS QUE SE CORTAM: REFLEXÕES SOBRE O ACOLHIMENTO DE JOVENS QUE PRATICAM A AUTOMUTILAÇÃO NA ESCOLA DE ENSINO MÉDIO

Abstract

Nessa dissertação desenvolvo uma análise sociológica das ações dos diversos interlocutores da comunidade escolar diante das práticas de automutilação dos estudantes da Escola de Ensino Médio Monsenhor José Carneiro da Cunha, do município de Chaval-Ceará. O público-alvo são os professores no tocante ao trabalho de acolhimento a estudantes praticantes da automutilação, no contexto do Projeto Professor Diretor de Turma. O objetivo geral deste trabalho é analisar os discursos e as ações dos professores diante das práticas de automutilação entre seus estudantes, partindo de uma experiência etnográfica vivida por mim em ambiente de trabalho, trazendo um caráter subjetivo a forma como o problema é observado, vivenciado, experimentado, interpretado e descrito. Discussões teóricas como a de Le Breton (1992) sobre a sociologia do corpo e a de Dayrel (2007) sobre juventude e escola fazem a fundamentação teórica. Foi utilizada metodologia qualitativa contando com as técnicas de observação flutuante e entrevistas semiestruturadas com roteiro de entrevista. A partir das respostas dos interlocutores e das observações feitas em campo temos como resultado a percepção de que inovações curriculares empreendidas pela Secretaria Estadual da Educação do Ceará impactaram o trabalho dos professores dessa escola, de forma a voltar as suas atenções para questões relacionadas à Saúde Emocional, demandadas pelos estudantes. Elabora-se um perfil de professor adequado a essas inovações curriculares que se aproxima do perfil praticado pelos professores de Sociologia. Dessa forma, concluímos fazendo apontamento como a disciplina de Sociologia pode, à luz dessas inovações curriculares, fazer investimentos em estudos sobre saúde emocional.