Estado e Religião: uma divisão filosófica de uma relação conflitiva (Atena Editora)

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Autor(es): dc.contributor.authorAmbrósio, José de Magalhães Campos-
Data de aceite: dc.date.accessioned2023-07-20T13:30:45Z-
Data de disponibilização: dc.date.available2023-07-20T13:30:45Z-
Data de envio: dc.date.issued2023-07-05-
Fonte: dc.identifier.urihttp://educapes.capes.gov.br/handle/capes/734680-
Resumo: dc.description.abstractA quarta consideração de ser mais temeroso o juízo dos homens, que o juízo de Deus, porque Deus julga o que conhece, os homens julgam o que não conhecem. [...] Deus julga os pensamentos, mas os conhece, o homem não pode conhecer os pensamentos, e julga-os. Padre Antônio Vieira, 1689. Honroso é o privilégio de reencontrar nesta obra a lucidez luminosa da inteligência de José de Magalhães Campos Ambrósio, cujo primeiro contato me foi proporcionado quando de sua chegada ainda na graduação à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no contexto do programa de mobilização estudantil, vindo da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), onde hoje é professor. A todos cativou desde o primeiro momento, quer seja por sua sedutora inteligência, quer seja pela sua lhaneza de ser em um estilo sempre zen. Corajoso, impõe-se o desafio de pesquisar em sede de Teoria do Estado em um momento histórico marcado por furiosa e extremada estatofobia. Cenário de uma terra devastada pela fúria neoliberal, com suas hordas de pregadores idólatras, cujo totem e objeto de culto ainda hoje, na contemporaneidade, permanece sendo o velho bezerro de ouro dos antigos hebreus tão bem reproduzido na imagem do dourado touro de ouro na porta de bolsa de valores em Wall Street. A obra com a qual somos agora brindados reafirma o conceito hegeliano de ser a religião um dado da cultura que, portanto, em um mundo marcado por conflitos civilizacionais, no qual nos parece cada vez mais atualizada a díade schmittiana do amigo-inimigo, pela qual a oposição sagrado-profano parece conduzir a conflituosidade contemporânea. A poderosa lente de José de Magalhães leva-nos a repensar o teológico-político reemergente como fruto do desencantamento do mundo pelo Iluminismo e pela Revolução Francesa que parece ter nos legado uma civilização marcada por uma degenerada e cruel razão instrumental, provocando uma “revanche de Deus” como resposta às frustrações, à desesperança e ao desespero do flagelo ético com o qual nos confrontamos na atualidade. Preciosa é sua análise sobre os totalitarismos que instrumentalizaram ícones e performances inerentes ao sagrado em suas violências políticas profanas. A leitura da presente obra nos rememora o célebre episódio histórico envolvendo os vitoriosos aliados ao fim da Segunda Guerra Mundial quando por insistência de sua santidade, o Papa Pio XII, os aliados ocidentais insistiam em discutir junto a Josef Stalin o destino da católica Áustria, então ocupada pelo poderoso exército vermelho. Quando, nesta ocasião, Stalin, já incomodado com a insistência no tema, indaga arrogantemente sobre quantas divisões possuía o Papa para que aquele assunto fosse tão recorrente. O poderoso dirigente soviético não conseguia ver as divisões do Papa, que se manifestaram, vitoriosamente, no histórico ano de 1979 na católica Polônia, levando à ruína o socialismo real em todo leste europeu, contexto em que o cardeal Karol Wojtyla, então Papa João Paulo II, e o cardeal Joseph Ratzinger, futuro Papa Bento XVI, os algozes do socialismo realmente existente, como grandes geopolíticos e estrategistas, sem um só tiro escrevessem o epitáfio da experiência do socialismo real. A aliança teológico-política por eles forjada com o império americano teve como contrapartida geopolítica o combate sem trégua à Teologia da Libertação no cenário latino-americano, moeda de troca que custou a contenção da igreja progressista e a expansão política e eleitoral do movimento carismático católico e das seitas neopentecostais a partir de então empoderadas. A guerra cultural empreendida por tal aliança na América Latina substituiu os sangrentos conflitos armados da América Central da década de 1970 do século passado pela disputa de corações e mentes por meio do teológico-político para ficarmos com Schmitt. Exemplar em tal contexto foi a visão prospectiva do ex-aluno jesuíta, Fidel Castro, com sua reforma constitucional pela qual renunciou ao ativismo estatal ateu reestabelecendo em seu país a liberdade de culto, o que certamente lhe proporcionou o privilégio de ao contrário dos epígonos soviéticos no leste europeu de morrer velho na cama tendo recebido em vida a visita de três Papas e tendo como cenário de fundo a erosão dos regimes socialistas do leste europeu transformados em cinzas. Portanto, esta obra, Estado e Religião, passa a condição de leitura seminal a tantos quantos pretendem alcançar uma compreensão crítica da emergência no cenário político estatal de um agressivo confessionalismo que abala os conceitos de secularismo e laicismo tão bem ilustrados na presente obra. Em derradeiro, fica a nos dever agora o autor novas e corajosas reflexões, notadamente, em relação à emergência do apocalíptico leviatã cibernético como a mais nova ameaça existencial a nossa civilização como conhecida até então.pt_BR
Idioma: dc.language.isopt_BRpt_BR
Palavras-chave: dc.subjectEstado e Religiãopt_BR
Título: dc.titleEstado e Religião: uma divisão filosófica de uma relação conflitiva (Atena Editora)pt_BR
Tipo de arquivo: dc.typelivro digitalpt_BR
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