“Caminhos para a interprofissionalidade: a socioclínica institucional nas rodas de conversa na atenção primária em saúde"

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Autor(es): dc.contributorUniversidade Federal Fluminensept_BR
Autor(es): dc.contributor.authorBarbosa Rodrigues, Alexandra-
Autor(es): dc.contributor.authorMourão Cardoso, Lúcia-
Autor(es): dc.contributor.authorAlmeida Vieira, Ana Clementina-
Data de aceite: dc.date.accessioned2023-06-20T22:49:38Z-
Data de disponibilização: dc.date.available2023-06-20T22:49:38Z-
Data de envio: dc.date.issued2023-06-
identificador: dc.identifier.other1 PRODUTOpt_BR
Fonte: dc.identifier.urihttp://educapes.capes.gov.br/handle/capes/731845-
Resumo: dc.description.abstractEste produto é resultado da pesquisa realizada durante o Mestrado Profissional em Ensino na Saúde: Formação Docente Interdisciplinar para o SUS da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa (EEAAC) da Universidade Federal Fluminense (UFF), onde docentes, discentes e profissionais da rede do SUS se dedicaram ao estudo da interprofissionalidade, suas potencialidades e desafios para a melhoria da qualidade da saúde do usuário, sendo o foco principal de todo o trabalho. A pesquisa também apresenta a vivência da pesquisadora como profissional da rede do SUS há quase 25 anos e suas ações como preceptora de projetos de extensão, como o PET - Saúde Interprofissionalidade e o PET - Saúde Assistência e Gestão. O estudo foi realizado no município de Nova Friburgo, com a participação de discentes e docentes do Instituto de Saúde de Nova Friburgo da Universidade Federal Fluminense, dos cursos de Biomedicina, Fonoaudiologia e Odontologia, e profissionais de saúde da atenção primária vinculados à Secretaria Municipal de Saúde do mesmo município. Ao todo, foram dezessete participantes, incluindo a pesquisadora, que faz parte integrante do projeto de pesquisa como autora e atriz desse processo. Para a realização do estudo, utilizou-se uma pesquisa-intervenção com abordagem qualitativa, tendo como referencial teórico-metodológico a Análise Institucional em seu desenho socioclínico institucional (MONCEAU, 2013). A pesquisa qualitativa se preocupa com aspectos da realidade que não podem ser quantificados, mas que podem ser analisados a partir de crenças, motivações, valores e atitudes (MINAYO, 2016). Em relação à pesquisa-intervenção, de acordo com Monceau (2013) e Lourau (1993), ela se concretiza quando se realiza a análise em uma situação, atendendo a uma demanda de um pesquisador ou organização. Quanto ao conceito de Análise Institucional, L’Abbate (2013) esclarece que se trata de um método que trabalha a teoria na prática, trazendo os conceitos de encomenda, demanda, transversalidade, analisador, implicação e intervenção no campo de pesquisa, tendo como objetivo compreender uma determinada realidade social e organizacional a partir dos discursos e práticas dos sujeitos. Ainda em relação aos conceitos utilizados na Análise Institucional, um dos mais importantes é o de instituição. Neste caso, é importante ter em mente que instituição não é um conceito descritivo que se refere a coisas sólidas e concretas passíveis de serem vistas, mas sim uma "dinâmica contraditória construindo-se na (e em) história ou tempo" (LOURAU, 1993, p. 11). Baremblitt (2012, p. 30) acrescenta que "O Movimento Institucionalista concebe a sociedade como uma rede de instituições que se interpenetram e se articulam entre si para regular a produção e a reprodução da vida humana sobre a terra e a relação entre os homens". O referido autor também se refere às instituições como composições lógicas que se operacionalizam por um conjunto de leis e normas que determinam o comportamento e os valores dos indivíduos na sociedade. Ele destaca a diferença entre instituições, organizações e estabelecimentos. As instituições são entidades abstratas, enquanto "as organizações são a materialização das instituições sob a forma de um organismo, uma entidade, assumindo uma configuração mais complexa ou mais simples". As instituições têm realidade social através das organizações, onde suas leis, normas e regulamentos são aplicados. Por outro lado, os estabelecimentos são as estruturas físicas que fazem parte da organização. No estudo realizado, a formação, educação, saúde e práticas profissionais são entendidas como instituições. Essas possuem as características fundamentais de uma instituição, conforme os sociólogos Berger e Berger (1978), que são: coercitividade, pois toda instituição exerce um controle imposto sobre os indivíduos; exterioridade, que compreende que toda instituição está situada fora de nós; autoridade moral, pois toda instituição exerce sobre os indivíduos suas normas, regras e leis; e historicidade, entendendo que toda instituição existe no tempo independente de nossa existência humana na terra De posse do entendimento do que é uma instituição, podemos nos aproximar de três conceitos bastante utilizados na análise institucional, como o de implicação, analisador e transversalidade, que permearam toda a elaboração da pesquisa realizada. Com a introdução do conceito de implicação na análise institucional, os institucionalistas negam a neutralidade científica em suas intervenções, colocando coletivamente em análise seus pertencimentos, engajamentos e recusas diante das crises . O analista deve se implicar, falar de seus problemas, de seus desejos, ultrapassando as ilusões positivistas e elucidando a relação do investigador com sua produção, com seu objeto de investigação, sua relação com o saber, o ter e o poder (LAPASSADE, 1977; LOURAU, 1993). O conceito de analisador foi inicialmente mencionado por Guattari por trazer à luz a verdade institucional que se encontra obscurecida e naturalizada no dia a dia das organizações. Monceau (2013, p. 98) acrescenta que "é analisador tudo aquilo que apoia a análise das dinâmicas institucionais, independentemente da modalidade de trabalho socioclínico". Mourão (2006, p. 71) refere que "Os analisadores são categorias, situações, acontecimentos que levam a instituição a se desnudar, a mostrar, indiretamente, seus não-ditos, algo que revela as dimensões das relações institucionais". Na pesquisa realizada, identificamos o analisador "poder" que permeou os depoimentos e revelou as contradições e os não-ditos em relação às relações entre os diferentes profissionais de saúde e destes com os docentes e alunos das Instituições de Ensino Superior (IES). O conceito de transversalidade veio de Guattari na clínica psiquiátrica de La Borde, entre os anos de 1960 e 1970. Para Guattari (1987, p. 96-98), a transversalidade no grupo é uma dimensão contrária e complementar às estruturas geradoras de hierarquização piramidal e aos modos de transmissão esterilizadores de mensagens. Na transversalidade, pretende-se que haja uma comunicação máxima entre os diferentes níveis e, sobretudo, nos diferentes sentidos. Destaca-se a importância de estar inserido em um grupo na forma de ouvido-ouvinte, conseguindo, assim, ter acesso além do grupo. O fato de compartilhar seus problemas, aceitando as observações dos outros e sendo, de certa maneira, desnudado pela fala do outro, permite que se crie uma nova lei para o grupo. Guattari (1987, p. 98) denominou os grupos como grupo sujeito e grupo sujeitado, em que este último é caracterizado por uma hierarquia e organização vertical, engessado em mecanismos de autoconservação, enquanto o grupo sujeito propõe-se a pensar seu funcionamento e posição, produzindo processos criativos e confrontando seu próprio limite, finitude e garantias. Guattari (1987, p. 98) esclarece que o coeficiente de transversalidade que ocorre nos grupos, pode ser maior ou menor em decorrência das diferentes situações e contextos sócio político e econômicos a que está exposto o grupo. A partir dessas considerações, acreditamos que o cuidado compartilhado e horizontalizado, conforme proposto na interprofissionalidade, torna-se capaz de fortalecer o coeficiente de transversalidade entre seus membros, permitindo que os profissionais de saúde comecem a refletir sobre suas práticas e, por meio de uma nova abordagem, permitam-se realizar a análise das implicações com as instituições que os atravessam, como as instituições de saúde, educação, família, religião, criando possibilidades para o desenvolvimento de novas práticas de cuidado. A Análise Institucional começou a ser aplicada em pesquisas a partir de intervenções realizadas com grupos e coletivos, tendo sua origem em 1970, na França, como um método capaz de "analisar as relações que as múltiplas partes no jogo social mantêm com o sistema manifesto e oculto das instituições" (HESS, 2004, p. 23). Essas intervenções receberam o nome de socioanálise e se estabeleceram nas organizações e instituições francesas, destacando-se por evidenciar as instituições presentes no contexto em análise. L'Abbate (2013) destaca que, no final da década de 1980 e nos anos 90, as modalidades de intervenção foram diversificadas na corrente da Análise Institucional, de acordo com as encomendas, demandas e esfera de intervenção. Surge então a socioclínica institucional, com as reflexões de Gilles Monceau, que desde 1998 vinha utilizando os conceitos da AI no campo da educação. Ao trabalhar com a socioclínica institucional, debruçamo-nos sobre as oito características do método que delinearam e fundamentaram este estudo. São elas: A Análise da encomenda e da demanda; A participação dos sujeitos na abordagem; A Análise das transformações que se produzem à medida que o trabalho avança; A aplicação das modalidades de restituição que devolvem os resultados provisórios do trabalho aos participantes; A Análise das implicações primárias e das implicações secundárias do pesquisador e dos outros participantes; Intenção de produto de conhecimento; A atenção aos contextos e às interferências institucionais nas quais estão implicados os pesquisadores e os outros participantes; o trabalho dos analisadores (MONCEAU, 2013, p. 93). Para Monceau (2015), deve-se ter cuidado para que as características não sejam utilizadas como passos a serem seguidos, estando atento a elas durante o processo de intervenção, pois a identificação dessas possibilita a compreensão e a análise das situações. Durante o estudo realizado no mestrado profissional, ocorreram dois encontros socioclínicos institucionais. O primeiro encontro foi realizado em 05/05/2022, com 16 participantes. O segundo encontro ocorreu em 07/11/2022, comparecendo 9 participantes. Em ambos os encontros, foram disponibilizados aos participantes questionamentos relacionados ao tema do estudo para estimular os debates. É importante destacar que essas questões, utilizadas como dispositivo no encontro socioclínico institucional, funcionam como um "start" e, embora atendam aos objetivos da pesquisa, não são obrigatórias nem restritas a eles. A condução do processo de intervenção atende às demandas apresentadas pelo próprio grupo, e nem todas as questões são abordadas em um único encontro. Em relação à restituição, conforme Monceau (2015, p. 212), trata-se de uma fase importante nessa modalidade de pesquisa. Para o autor, a restituição não deve ocorrer apenas ao final da pesquisa como uma prestação de contas do pesquisador para os participantes. A restituição é, sobretudo, "um elemento metodológico a ser considerado durante todo o trabalho socioclínico". Durante a restituição, os temas puderam ser resgatados e novamente debatidos pelos participantes, momento em que algumas transformações começaram a ocorrer na maneira como os participantes percebiam o problema da formação e começaram a indicar os "possíveis caminhos". Por sugestão de todos, esses caminhos constituíram a proposta de produto deste estudo. Seguindo as Diretrizes e Normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos, conforme Resolução n.º 466 de 2012 e 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2012; 2016), foi elaborado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), assinado por todos os participantes. Eles foram informados sobre a possibilidade de desistência de sua participação em qualquer momento da pesquisa, assim como sobre o direito ao sigilo e à confidencialidade das gravações dos encontros socioclínicos institucionais. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Faculdade de Medicina do Hospital Universitário Antônio Pedro da Universidade Federal Fluminense, sob o número CAAE: 50975021.1.0000.5243 e número do parecer: 5.251.080.pt_BR
Tipo de arquivo: dc.format.mimetypePDFpt_BR
Idioma: dc.language.isopt_BRpt_BR
Direitos: dc.rightsCC0 1.0 Universal*
Licença: dc.rights.urihttp://creativecommons.org/publicdomain/zero/1.0/*
Palavras-chave: dc.subjectRodas de Conversapt_BR
Título: dc.title“Caminhos para a interprofissionalidade: a socioclínica institucional nas rodas de conversa na atenção primária em saúde"pt_BR
Tipo de arquivo: dc.typetextopt_BR
Área de Conhecimento: dc.subject.disciplineTRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSOpt_BR
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