Histórias do lazer no Brasil (1877-1956) (Atena Editora)

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MetadadosDescriçãoIdioma
Autor(es): dc.contributor.authorDias, Cleber-
Autor(es): dc.contributor.authorRamos, Danilo da Silva-
Autor(es): dc.contributor.authorPessoa, Vitor Lucas de Faria-
Data de aceite: dc.date.accessioned2023-05-17T16:17:50Z-
Data de disponibilização: dc.date.available2023-05-17T16:17:50Z-
Data de envio: dc.date.issued2023-04-19-
Fonte: dc.identifier.urihttp://educapes.capes.gov.br/handle/capes/729681-
Resumo: dc.description.abstractEm 2015, o Grupo de Pesquisa em História do Lazer foi criado na Universidade Federal de Minas Gerais. Este livro é uma tentativa de reunir, a título de síntese parcial e imperfeita, algumas das pesquisas desenvolvidas nesse período. Naturalmente, diante de atividades que podem com justiça ser classificadas como intensas, seria impossível reunir em um único volume tudo o que se fez e produziu ao longo desses oito anos. Desde o início, a ideia que animava este grupo de pesquisa era tentar articular esforços investigativos visando colaborar na consolidação da linha de pesquisa sobre história do lazer que já funcionava desde antes no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer. Desde então, vários estudantes de graduação, mestrado e doutorado se articularam ao redor de um pequeno conjunto de questões comuns e compartilhadas. Basicamente, essas questões diziam respeito aos principais elementos que poderiam explicar o desenvolvimento histórico do lazer no Brasil. Tarefa ambiciosa, como se vê, mas também estimulante. Grosso modo, ao longo desses anos, houve apenas duas condições fundamentais para que um projeto de pesquisa fosse assimilado nesse grupo: era preciso ter uma ou mais séries documentais como base empírica, além do assunto a ser investigado guardar algum grau de interlocução com àquela questão geral que mobilizava o grupo como um todo. Com efeito, havia mesmo – e na verdade há ainda – um certo empirismo na abordagem adotada nesse grupo. Em grande parte, isso se deve a indisposições com relação ao que Pierre Bordieu chamou um dia de “engenhocas de laboratório”, isto é, a crença fantasiosa de que o trabalho nas ciências sociais pode se processar por meio de fórmulas teóricas pré-estabelecidas. Em sentido contrário a esta crença, a direção que tentamos seguir tem sido a de que o empreendimento investigativo se faz por experimentação e erro, em meio a uma dinâmica incerta e cujos resultados são, por princípio, desconhecidos a priori. Nesse processo, a descrição detalhada e verossímil, baseada nas fontes reunidas por meio do laborioso trabalho nos arquivos, é o tribunal mais adequado e inapelável para toda pesquisa histórica. Com perdas e ganhos, assim se processaram várias pesquisas desenvolvidas nesse ambiente: estabelecia-se muito genericamente uma ou mais práticas de lazer a serem investigadas, tais como o cinema, o teatro, as danças, os esportes, a leitura, as festas religiosas ou outras quaisquer, dentro de um certo período e em uma região determinada. Em seguida, buscava-se documentos com informações sobre o assunto. Caso a busca por documentos fosse infrutífera, o que eventualmente aconteceu, redefinia-se o assunto com base na disponibilidade documental, tomando como critério a manutenção da região ou da prática de lazer específica, conforme o caso. Finalmente, de posse de um punhado de fontes, que deveriam ser na maior quantidade possível, tentava-se identificar, a partir das próprias fontes, questões que parecessem relevantes, especialmente à luz daquela agenda genérica que animava o grupo como um todo. Trata-se de uma abordagem simples e um tanto intuitiva, senão até rudimentar, mas que ainda assim guarda suas vantagens e virtudes. Havia no esforço empírico desse grupo uma ênfase especificamente regional sobre diferentes porções do Brasil, ainda que nossas discussões teóricas e bibliográficas nunca tenham abdicado de contrastes e comparações de ordem nacional ou mesmo internacional. Além disso, segundo uma definição frouxa que de certo modo orientou, no mais das vezes implicitamente, as discussões desse grupo, lazer era entendido tão somente como um modo de se usufruir o tempo fora do trabalho, para além ou para aquém, dependendo do ponto de vista, das muitas abstrações conceituais que cercam o termo. Apesar dessas orientações gerais e desse chão comum, cada qual envolvido nesse esforço ofereceu sua própria contribuição ao estudo da história do lazer. Práticas específicas como o futebol, o ciclismo, a religião, o teatro ou cinema, em regiões específicas e em períodos diversos, foram examinadas com certa riqueza de detalhes. Apesar da diversidade temporal dos períodos a que esses projetos se dedicaram, havia sempre um universo temporal comum, que oscilou entre o fim do século XIX e os meados do século XX, tal como refletido neste livro. Mais que tudo, cada um apelou a uma plêiade bastante heterogênea de autores para estabelecer um “referencial teórico”, muito embora o próprio uso da expressão e do que ela acarreta seja objeto de controversa dentro do grupo. A despeito das controvérsias, cada qual realizou suas próprias escolhas, boas ou más. Assim, alguns apelaram para a “teoria do associativismo”, enquanto outros recorreram a “teoria dos campos”, entre outros modismos teóricos. Avaliando em retrospecto, esse ecletismo talvez tenha diminuído um pouco da potência e do alcance dos resultados e conclusões de cada uma das nossas pesquisas. Todavia, uma orientação mais rígida e com mais pretensões de “coerência” teria prejudicado dois elementos que podem ser considerados dos mais importantes para uma atividade intelectual plena, verdadeira e prazerosa: de um lado, a liberdade criativa sem a qual qualquer inovação é impossível, e, de outro, o deleite com a controvérsia e com o debate perpétuo como um fim em si mesmo. Tomar a pesquisa como uma atividade prazerosa sempre esteve no horizonte epistemológico do Grupo de Pesquisa em História do Lazer. No limite, visto de modo mais profundo e para além das aparências superficiais, esta sim fora a coerência fundamental que esse grupo de pesquisa sempre perseguiu e no que acreditamos termos sido ao menos parcialmente bem-sucedidos. Ninguém nunca fora obrigado, nem sequer sutilmente coagido, como por vezes ocorre, a participar dos encontros desse grupo de pesquisa. As portas sempre estiveram abertas para todos que quisessem entrar, mas também para aqueles que quisessem sair. Não por acaso, houve momentos em que tais encontros estiveram bastante esvaziados, a ponto de decidirmos suspende-los temporariamente. Nossa história não é pontilhada apenas por realizações bemsucedidas. Também houve erros e fracassos. Nossos objetivos e estratégias, se é que podemos dizer assim, foram se constituindo de forma bastante errática e experimental, reproduzindo, de certo modo, uma das características mais marcantes da própria aventura da atividade de pesquisa. É difícil afirmar que descrever a história de um grupo de pesquisa nesses termos seja algo belo ou honroso. Talvez fosse mais glamoroso dizer que perseguimos diligentemente metas acadêmicas definidas de modo claro por meio de uma reflexão sistemática e um planejamento minucioso. Embora talvez mais glamorosa, uma descrição assim certamente seria inverídica diante da nossa história, dos nossos costumes e das nossas decisões, turbulentas, conflituosas e contraditórias.pt_BR
Idioma: dc.language.isopt_BRpt_BR
Palavras-chave: dc.subjectLazerpt_BR
Título: dc.titleHistórias do lazer no Brasil (1877-1956) (Atena Editora)pt_BR
Tipo de arquivo: dc.typelivro digitalpt_BR
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