A FOTOGRAFIA E A PRODUÇÃO DO SABER HISTÓRICO: DA INVISIBILIDADE DE CATEGORIAS SOCIAIS NA MEMÓRIA SOCIAL DA CIDADE DE CAMPO GRANDE/MS

Abstract

Este trabalho pretende compreender as ausências e a invisibilidades de categorias sociais nas fotografias que retratam a história da cidade de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul. Recorremos as fotografias, enquanto representações do passado empregada para a conservação da memória de formação da sociedade campo-grandense (MS), produzidas entre 1979 e 1990, que estão disponíveis nos acervos públicos, como o Arca - Arquivo Histórico de Campo Grande. Buscamos analisar a questão da ausência ou apagamento de categorias sociais historicamente marginalizadas, como negros, indígenas, mulheres, mendigos, pobres, dentre outros sujeitos, na produção e reprodução das imagens que caracterizam oficialmente está sociedade. Procura-se mostrar como o processo de invisibilização de certos sujeitos é um marco revelador do desinteresse público em destacar a contribuição daqueles que fizeram parte da constituição da cidade. Para fundamentar as questões teórico-metodológicas recorremos aos trabalhos do historiador Boris Kossoy (2014), que considera a fotografia como fonte histórica, uma extensão dos contextos sociais, bem como as contribuições de Michael Pollak (1989), ao tratar da composição da identidade como um confronto de memórias que irão compor a história de determinados grupos, num processo de contínua reinterpretação do passado. Por meio da seleção, classificação e análise das fotografias, pretendemos construir uma narrativa explicitando a importância do uso das imagens para o ensino de história na Educação Básica, entendendo as fotografias como contribuinte para o conhecimento histórico sobre a cidade, que conta com muitos registros memorialísticos, porém escassas pesquisas cientificas. A fotografia, utilizada como mecanismo simbólico de tradução social, é um convite para repensar o passado, observar mudanças advindas das ações humanas, entendendo a cidade como o reflexo de um coletivo heterogêneo, um espaço de memórias, esquecimentos e ressignificações.