ELABORAÇÃO DE FLUXOGRAMA PARA A INVESTIGAÇÃO DAS CAUSAS DE REAÇÃO TRANSFUSIONAL TARDIA POR ALOIMUNIZAÇÃO EM PACIENTES ATENDIDOS NA FUNDAÇÃO HEMOPA

Abstract

A transfusão de sangue para fins terapêutico teve origem científica no século XVII, após a descrição da circulação sanguínea por Harvey (1628). Foi, entretanto, a descoberta dos tipos sanguíneos A, B e O e do tipo AB, que deu novo impulso à prática transfusional. Esse é um evento irreversível que acarreta benefícios e riscos potenciais ao receptor, apesar da indicação precisa e administração correta, reações às transfusões podem ocorrer. No Brasil, as notificações de reação transfusional foram realizadas de forma espontânea até 2010, quando se tornaram compulsórias, pela publicação da Resolução- RDC 57/2010. Entretanto, apesar dos esforços da ANVISA e das unidades da Rede Sentinela, ainda há subnotificação desses eventos, o que dificulta conhecer a real frequência de ocorrências, bem como as condições a elas associadas. Os antígenos de grupos sanguíneos são extremamente importantes na medicina transfusional, uma vez que a ausência deste pode levar à aloimunização e aumentar o risco em transfusões subsequentes. A adequada prevenção desses incidentes só se fará possível quando estesforem identificados, diagnosticados, investigados e analisados de forma eficaz. No Laboratório de Imuno-hematologia Eritrocitária (GEMER) da Fundação HEMOPA, a investigação de reação transfusional quanto à aloimunização tardia, iniciou-se no ano 2018, com a elaboração de Procedimentos Operacionais Padrão – POPs e registros manuais, passivos de falhas e subnotificações sem investigação de causa. Diante deste contexto, o estudo tem por objetivo criar um fluxograma, como ferramenta de melhoria contínua, extremamente eficaz para organizar as várias etapas envolvidas em todo o processo de transfusão sanguínea. No período de 2018 à 2020, foram registrados um total de 2.211 pacientes que receberam transfusão de concentrado de hemácias, entre eles, 38 pacientes foram aloimunizados, sendo a maioria do sexo feminino. O perfil epidemiológico observado entre os pacientes politransfundidos do estado do Pará, corrobora a maioria dos estudos que foram realizados em outras regiões do mundo. A partir dos resultados obtidos foi proposta a criação do fluxograma em duas etapas, onde a primeira (i) descreve o fluxo de investigação de reação transfusional por aloimunização e a segunda etapa (ii) propõe a criação de uma atividade no sistema SBS- WEB para registro de evento adverso quanto a aloimunização. Dessa forma, pode-se diminuir as subnotificações, aumentando cada vez mais a segurança transfusional e alertando a equipe profissional do perfil de pacientes com maior probabilidade de apresentar reações por aloimunização, e que, portanto, necessitam de um olhar assistencial mais cuidadoso para precoce intervenção e minimização de consequências ao organismo desses indivíduos que necessitam constantemente de transfusão para garantia de uma melhor qualidade de vida.