A (IN)VISIBILIDADE DE NEGROS E INDÍGENAS NO MEMORIAL CASA GOVERNADOR RÉGIS PACHECO: Uma proposta decolonial para o ensino de História

Abstract

Este trabalho apresenta uma discussão sobre o museu enquanto espaço de conhecimento, evidencia o seu caráter educativo e aponta possibilidades de usos do acervo museal para o Ensino de História, numa perspectiva decolonial. O objetivo desse estudo é analisar o acervo do Memorial Casa Régis Pacheco, localizado em Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia, buscando evidenciar as marcas da presença negra e indígena na história da região. Essa pesquisa apresenta abordagens alternativas ao modelo eurocêntrico/colonial de representação das relações étnico-raciais e formula uma proposta de ensino significativa para a Educação Básica, ao oferecer instrumentos para que alunos e alunas possam ler, refletir e atuar em suas realidades. A proposta didática apresentada problematiza os silenciamentos provocados pela historiografia local acerca da escravidão e da violência contra os indígenas. A investigação fundamenta-se no diálogo entre teorias e perspectivas acerca da educação patrimonial, da didática da história, da pedagogia do objeto e da pedagogia decolonial. Intenta-se promover no espaço escolar o debate crítico, reflexivo e dialético sobre a história da cidade, a partir da construção coletiva do conhecimento e da pesquisa participativa e dialógica. O estudo fundamentou-se em uma abordagem qualitativa, de caráter descritivo e exploratório, optandose pela análise bibliográfica e documental. Como dimensão propositiva, elaborou-se uma ação educativa para o Memorial Régis Pacheco e uma proposta didática fundamentada no modelo de Aula Oficina, proposto por Isabel Barca (2004), em diálogo com a pedagogia do objeto sugerida por Francisco Régis Lopes Ramos (2004) e com o conceito de consciência histórica, definida por Jörn Rüsen (2015). Demonstra-se que é possível ensinar e aprender história fora dos muros da escola, de forma crítica, reflexiva e antirracista.