Desafios da reabilitação cardiovascular no Brasil: da atenção primária à quaternária (Atena Editora)

Abstract

Escrever um texto de apresentação para este e-book faz com que um filme passe pela minha cabeça. Minha paixão pela fisioterapia cardiovascular vem desde o meu processo de formação, e fortaleceu-se na minha vivência durante o mestrado em ciências cardiovasculares na Universidade Federal Fluminense (UFF). A UFF foi como um portal que fez com que eu desse os primeiros passos no sentido de desbravar um dos sistemas corporais que mais impactam a vida das pessoas. Naquela época comecei perceber, de forma um tanto quanto pretensiosa, que meu papel enquanto fisioterapeuta ia muito além de apenas mais um profissional corresponsável pela saúde. Eu vinha me dedicando a reabilitação cardiovascular (RCV), prevenção secundária, mas me sentindo bastante incomodada com o baixo número de pessoas encaminhadas ao atendimento no setor público, afinal, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças cardiovasculares são as que mais matam no mundo. Países de baixa e média renda como o Brasil, ainda carecem de programas integrados para beneficiar sua população. O que podemos fazer em prol desta fatia da população, os usuários do SUS? Em 2020 dei entrada no Programa de Pós-graduação em Biociências da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). A princípio seria uma pesquisa de campo, mas fomos atingidos pela pandemia, o que me impediu de atender pessoas com comorbidades. Durante conversa informal com meu orientador Profo. Dr. Carlos de Maria, sobre o trabalho que desenvolvo na prefeitura, mencionei minha inquietação em relação ao baixo número de pacientes encaminhados à RCV, e curiosidade em escrutinar os motivos pelos quais isto não acontece. Diante disso, ele sugeriu que eu fizesse um delineamento histórico, para melhor compreensão da falha deste processo, me levando à leitura de um vasto material, e ao início de um processo de elaboração a partir de várias perguntas norteadoras que após amadurecimento enquanto pesquisadora, e sugestões da banca de qualificação, suscitaram na materialização deste e-book. Esta obra que foi escrita propositalmente em poucas páginas, não por que o assunto é irrelevante. Pelo contrário! Esta obra se propõe curta, para que sua leitura seja leve e fomente/instigue o interesse em fazer mais por aqueles que um dia juramos beneficiar, nossos pacientes! O trabalho que temos pela frente não é tarefa fácil, mesmo por que não somos os únicos responsáveis por promover qualidade de vida. Além disso, existe todo um comprometimento do sistema, além de gestores mal intencionados, que impactam sobremaneira nosso trabalho, mas temos a responsabilidade profissional e moral de cumpri-lo! Parafraseando minha amiga escritora Bárbara Caldas: “Não há futuro sólido que se construa sobre um alicerce frágil”.