MIS-C: uma revisão de literatura

Abstract

Após dois anos de pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2, muito se aprendeu e muito ainda temos que adquirir em conhecimento. Dentro desse vasto aprendizado, na pediatria uma enfermidade nova se tornou aparente, e surpresos os clínicos do mundo inteiro começaram a examinar e pesquisar em rápidos passos do que se tratava. Comparações e paralelos foram feitos entre essa nova doença com outras já existentes. Estudos preliminares começaram a despontar, desde somatórios de casos clínicos até relatos de exames laboratoriais sofisticados. Tudo isso em rápida sucessão, agilidade esta somente possível pelos avanços da informática, numa época de troca de informações sem precedentes via webinares e fóruns entre especialistas utilizando mídia social. Diante isso, passamos a conhecer a Pediatric Inflammatory Multisystem Syndrome (PIMS-TS) ou mais comumente chamada de Multiple Inflamatory Syndrome in Children (MIS-C). Essa doença afetou crianças em todo o mundo, envolvendo enfermarias e unidades de tratamento intensivo, e as mais diversas especialidades pediátricas, especialmente reumatologia, imunologia, infectologia, cardiologia, intensivismo. Tentamos reunir os artigos mais relevantes sobre essa nova entidade clínica seguindo um modelo de revisão narrativa e não sistemática, em razão do tempo e da rápida progressão do conhecimento, nesse documento que o leitor tem as mãos. Destacamos que os artigos de revisão e proposição de condutas da Sociedade Americana de Reumatologia (American College of Rheumatology) sumarizam em suas duas edições as informações mais atualizadas, que se pode tomar por base para entender a doença e sobretudo justificar a terapêutica proposta. O leitor verá que reportamos muitas condutas de diferentes serviços, que podem ser usadas com a devida precaução pois ainda não existe seguimento a longo prazo dessas crianças. Desejamos uma ótima leitura, dentro desse contexto de descobrimento e contínua reavaliação desta nova doença, não menos misteriosa e problemática do que a pandemia em si, que alterou nossas vidas de forma singular, algo nunca antes experimentado em nossa geração.