Rompendo silêncios: sujeitos negros e o Currículo no Ensino de História do município de Mirante - Bahia

Abstract

A invisibilidade do negro no currículo escolar e no ensino de História é o foco principal deste trabalho. O objetivo geral da pesquisa foi analisar o lugar dos sujeitos negros na proposta de História dos Anos Finais do Ensino Fundamental do Documento Curricular Referencial de Mirante – Bahia (DCRM), elaborado no ano de 2020. Para tanto, foi realizada uma abordagem dos conceitos de colonialidade, racismo e currículo escolar, tomando por referência a ótica epistemológica da decolonialidade. Examinar o contexto histórico no qual se originou o racismo, enquanto eixo estruturante do capitalismo, é imprescindível para entender o processo de subalternização dos negros e estabelecer relações com a condição de marginalização dos mesmos na sociedade atual, fato que ressoa nos processos educativos. Desnaturalizar os currículos escolares e colocar em evidência a questão racial negra nos documentos referenciais do ensino é, então, primordial para o enfrentamento das desigualdades e o combate ao racismo nos ambientes educacionais e, por extensão, na sociedade. O presente estudo consiste em pesquisa aplicada, de caráter analítico-descritivo a partir da análise de fontes primárias e secundárias, incluindo revisão bibliográfica, documentos curriculares e leis educacionais, com resultados tratados de maneira qualitativa. O levantamento e a análise das informações ao longo da pesquisa sinalizaram que a proposta de História dos Anos Finais do Ensino Fundamental contribui para a manutenção e reprodução do racismo, na medida em que invisibiliza os sujeitos negros, reproduzindo, assim, a lógica do sistema capitalista. Para intervenção didática nessa realidade, foi elaborada uma proposta de formação com professores da rede municipal, através de oficinas denominadas Encontros Decoloniais Antirracistas, com o tema: ―Rompendo silêncios e semeando esperanças: os sujeitos negros no currículo escolar‖. O resultado do trabalho indica que os sujeitos negros podem ser visibilizados no currículo escolar, a partir da prática de uma educação decolonial e antirracista.