"O índio que mora na cabeça dos Iratienses": uma proposição didática e reavaliação dos escritos de José Maria Orreda

Abstract

O objetivo da presente pesquisa é investigar a importância de conteúdos da história local indígena para o combate ao preconceito dos alunos do Ensino Médio do município de Irati, estado do Paraná. Para tanto, apresentaremos uma proposta de abordagem com estes alunos com a seguinte questão norteadora: como proporcionar aos alunos a oportunidade de desenvolverem suas capacidades cognitivas acerca do conhecimento histórico referente à temática indígena, sugerindo que eles utilizem o letramento histórico adquirido como referencial em sua prática cotidiana? Para tal proposta, opera-se um recorteda temática da história local dos povos indígenas que deram nome à cidade de Irati —Iraty, em tupi guarani, que significa “rio de mel” —, e de como a história iratiense foi ensinada com base na obra do escritor e historiador amador local José Maria Orreda, autor de uma vasta obra publicada, dividida entre coleções de livros e periódicos que abordam aspectos artísticos, culturais, esportivos e históricos do município. Os textos de Orreda compõem o acervo de todas as bibliotecas municipais e estaduais do município, figuram como referência para o ensino e o estudo da história local. Analisaremos a influência de duas obras que tratam da temática indígena desse intelectual em sala de aula: História de Irati, Volumes I, II e III (1972-1986) e Educação em Irati: 1901-2001 Cem anos de História (2004). Objetivamos ampliar a investigação dessas práticas de ensino no espaço escolar e no ensino de História local indígena. Buscaremos os conflitos, as tensões e as (inter)ações que se dão a partir das relações de ensino com as obras dos memorialistas. Confrontar-se-á o material coletado nas obras de Orreda, com o próprio Orreda em dois tempos, e com os estudos atuais referentes à história indígena local e paranaense. A presente pesquisa está inserida na perspectiva da educação histórica, em que as relações dos estudantes com o saber histórico precisam ser mediadas, de maneira que a relação entre história e vida possa nortear a prática humana no tempo. Dessa forma, a pesquisa se inscreve em uma temática que tem como premissa a concepção de função social que o ensino de História possui na atualidade, o combate à reprodução de preconceitos e estereótipos.