SEQUÊNCIA DIDÁTICA DE EDUCAÇÃO FINANCEIRA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS INICIAIS

Abstract

Esta produção técnica educacional é parte integrante da Dissertação de Mestrado intitulada “Educação Financeira no Ensino Fundamental – anos iniciais: Desenvolvimento e aplicação de uma Sequência Didática”, desenvolvida junto ao Programa de Pós-Graduação em Ensino da Universidade Estadual do Norte do Paraná. O produto técnico educacional consiste em uma Sequência Didática (SD) sobre Educação Financeira, destinada aos estudantes do 4o ano. Seu objetivo é possibilitar o acesso de alunos do Ensino Fundamental – anos iniciais aos conteúdos de Educação Financeira (EF) e foi elaborado considerando as demandas dessa faixa etária. A SD foi alicerçada na proposta da Estratégia Nacional de Educação Financeira – ENEF (2012), na Base Nacional Comum Curricular – BNCC (BRASIL, 2018) e nos apontamentos de Zabala (1998). É uma SD interdisciplinar, firmada em duas áreas do conhecimento: a Matemática e as Ciências Humanas. Para o seu desenvolvimento, foram utilizados materiais que atenderam aos aspectos referentes à EF nos anos iniciais, correspondentes a textos disponibilizados por programas do governo, Ministério da Educação – MEC, Banco Central, ENEF, entre outros, e foram adaptados para a faixa etária dos discentes do 4o ano. Desde muito cedo, as crianças estão em contato com aspectos financeiros, pois vivenciam situações de compra, venda, troco, parcelamentos e são expostas constantemente ao consumo por meio do marketing, que é projetado a elas por diferentes mídias e até pelos jogos on-line. Sendo assim, a EF torna-se essencial nos primeiros anos de vida, devendo essa ser ofertada em ambiente escolar desde suas primeiras etapas. Essa temática, além de ser de grande relevância, oportuniza reflexões sobre a importância do conhecimento de aspectos financeiros por parte dos cidadãos, bem como a situação econômica da população brasileira. É importante compreender que, para que haja uma formação de cidadãos mais conscientes em nossa sociedade, é necessário que esses tenham acesso a conhecimentos mais amplos, desde a sua infância, como no caso da Educação Financeira escolar, visto que esse tema não aborda apenas áreas específicas como finanças pessoais. Diante disso, reiteramos que as crianças devem ser educadas financeiramente, desde cedo, por meio da Educação Financeira ofertada em ambientes escolares, visto que a EF não consiste apenas em aprender a economizar, poupar, cortar gastos e acumular bens, mas em buscar melhor qualidade de vida tanto no presente quanto no futuro, proporcionando segurança material, para obtenção de garantia em eventuais imprevistos (TEIXEIRA, 2015). Um indivíduo será considerado educado financeiramente, ou será visto como alguém que possui pensamento financeiro, quando: a) Frente a uma demanda de consumo ou de alguma questão financeira a ser resolvida, o estudante analisa e avalia a situação de maneira fundamentada, orientando sua tomada de decisão valendo-se de conhecimentos de finanças, economia e matemática; b) Opera segundo um planejamento financeiro e uma metodologia de gestão financeira para orientar suas ações (de consumo, de investimento,...) e a tomada de decisões financeiras a curto, médio e longo prazo; c) Desenvolveu uma leitura crítica das informações financeiras veiculadas na sociedade. (SILVA; POWELL, 2013, p. 12). Grande parcela da população mundial carece de conhecimentos indispensáveis, relacionados a aspectos financeiros, como fazer bom uso do dinheiro, poupar, planejar para uma vida equilibrada economicamente e para o bem-estar financeiro. No Brasil, essa situação não é diferente, pois muitos não possuem informações referentes à Educação Financeira, o que torna essencial desenvolver ações em ambientes escolares. De acordo com dados apurados, em 2014, por meio da mais abrangente pesquisa global sobre Educação Financeira, a S&P Global Financial Literacy Survey, constatou-se que dois em cada três adultos no mundo são analfabetos financeiros e que apenas um em cada três adultos mostra uma compreensão dos conceitos financeiros básicos. Não só o analfabetismo financeiro é generalizado, mas há grandes variações entre países e grupos (KLAPPER; LUSARDI; VAN OUDHEUSDEN, 2015). A Educação Financeira vem ganhando relevância nos últimos anos, tanto por parte do governo quanto por empresas e outras instituições, pois cada um têm investido no tema de uma forma. Os formuladores de políticas estão reconhecendo que os jovens precisam ser alfabetizados financeiramente para que possam desempenhar tarefas comuns em seu dia a dia, como fazer uso de um cartão de débito, de crédito ou escolher um plano de celular. As tendências atuais sugerem a importância do aprendizado desde cedo, para que possam adquirir habilidades, entender produtos e serviços e escolher aqueles que sejam mais adequados a eles e assim se protegerem de golpes financeiros e aprenderem a fazer uso de ferramentas responsavelmente (OECD, 2018). Por isso, muitas estratégias existentes para a Educação Financeira identificam que os estudantes são os principais grupos-alvo e apoio à introdução da Educação Financeira (OECD, 2018). Diante desse reconhecimento, no Brasil, por meio da BNCC, tornou-se obrigatório o ensino sobre Educação Financeira em ambiente escolar, como um “tema integrador”, sendo essa trabalhada de forma transversal, integradora, podendo ser contextualizada em diferentes disciplinas, de maneira intradisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar (BRASIL, 2018). A Educação Financeira escolar tem se mostrado necessária a cada dia, pois essa representa um passo importante para o desenvolvimento de consciência e o fortalecimento da cidadania. A partir dessas considerações, levantou-se o seguinte problema de pesquisa: “De que modo a Educação Financeira pode ser trabalhada na formação de alunos do Ensino Fundamental – anos iniciais em relação aos aspectos financeiros?”. Na busca por respostas, foi realizada uma análise que deu origem à produção técnica educacional, aqui apresentada, no formato de uma Sequência Didática que vislumbra o estudo da história do dinheiro, bem como seu valor, função e as vantagens do seu gerenciamento, no Ensino Fundamental – anos iniciais, objetivando a criação de hábitos saudáveis para a construção de uma vida financeira responsável e de um comportamento consciente. Acredita-se que a proposta esteja adequada aos ideais democráticos e de cidadania e torne-se um recurso de efetivo auxílio à melhoria do nível de conhecimento financeiro dos alunos. Espera-se ainda, com a aplicação dessa produção técnica educacional, possibilitar aos alunos, além do acesso às informações, estímulos que os levem a refletir sobre suas decisões e escolhas, em situações reais relacionadas a aspectos financeiros e ao fortalecimento de atitudes financeiras conscientes. O presente estudo foi organizado em dois capítulos, além desta introdução. No capítulo 1 deste volume, expõe-se a síntese da fundamentação teórica metodológica da produção técnica educacional. E no segundo capítulo apresenta-se a Sequência Didática composta por meio de sete etapas, contando com 13 atividades, a serem trabalhadas de forma interdisciplinar, por meio dos conteúdos de História, Geografia e Matemática e com carga horária de 24 horas de duração. Nas referências são elencadas as obras que fundamentaram o desenvolvimento do produto educacional.