Caderno pedagógico ‘revoltas negras’: sugestões de atividades didáticas sobre a Revolta dos Búzios, Revolta dos Malês, Revolta da Chibata e Zumbi dos Palmares

Abstract

HISTÓRIA E LUDICIDADE COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA DA ESCOLA OLODUM

É de longa data a atuação de intelectuais, professores/as, ativistas e entidades dos movimentos negros na luta, Brasil afora, para inserir nos currículos escolares disciplina e/ ou conteúdos transversais que deem destaque à contribuição dos africanos e seus descendentes para a construção do Brasil.

Provavelmente, o primeiro exemplo bem sucedido desse desejo tenha sido dado pelos baianos/as da Associação dos Professores Licenciados da Bahia – atualmente, APLB Sindicato; pela União de Negros pela Igualdade – UNEGRO e pelo próprio Olodum. Juntas, estas três instituições conseguiram, por meio de emenda popular, inserir na Constituição do Estado da Bahia, o Capítulo XXIII – Capítulo do Negro – formado por cinco Artigos (286/290).

Especificamente o Art. 288, estabelece: “a rede estadual de ensino e os cursos de formação e aperfeiçoamento do servidor público civil e militar incluirão em seus programas disciplina que valorize a participação do negro na formação histórica da sociedade brasileira”.

Superada essa etapa, faltava formar professores/as para trabalhar com os conteúdos pertinentes ao tema.

Algumas décadas depois, os movimentos negros brasileiros conquistaram uma vitória em caráter nacional, por meio da criação da Lei 10.639/2003, a qual tornou obrigatório aos estabelecimentos oficiais de ensino, o estudo sobre História e Cultura Afro-Brasileira. Esta legislação foi alterada cinco anos depois, pela Lei 11.645/2008.

Essas conquistas em âmbito nacional também geraram o desafio de capacitar professores/as com conteúdos pertinentes ao tema em questão.

Faculdades de Educação e centros especializados no tema, a exemplo do CEAO/UFBA - Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia; do CEPAIA/UNEB - Centro de Estudos dos Povos Afro-índio-americanos da Universidade do Estado da Bahia, e outros em todo o Brasil, além de entidades negras, se mobilizaram para capacitar profissionais de educação, para que os mesmos pudessem desenvolver o conteúdo com boas práticas pedagógicas.

Entre os inúmeros atores sociais, a Escola do Olodum vem dando a sua contribuição direta para o processo de capacitação de docentes. Realizou seminários, cursos e workshops com especialistas brasileiros e, até estrangeiros radicados no Brasil, tendo como público-alvo, professores/as das redes públicas estadual, municipal de ensino, bem como de escolas particulares baianas.

Eis que no esforço de preparar docentes, outro desafio a ser enfrentado emergiu dessas experiências: a falta de material pedagógico específico, tanto para os mestres, quanto para os/as alunos/as trabalharem em sala de aula. Normalmente, o que se encontra disponível são obras no campo da sociologia, da antropologia, ou mesmo da história com conteúdo bastante denso e, por isso, desaconselhados para aplicação nas classes dos ensinos fundamental e médio.

Por meio do patrocínio da Petrobras, a Escola Olodum resolveu dar mais uma vez a sua contribuição para solucionar a questão, unindo cultura e arte ao processo de sensibilização e educação.

Idealizou-se, assim, um modelo de material didático que de forma lúdica e consistente pudesse ajudar os/as docentes no desenvolvimento dos conteúdos e fosse igualmente capaz de atrair e prender o interesse dos jovens alunos.

Para dar vida à ideia, a Escola Olodum convidou o cartunista Maurício Pestana para, por meio de cartuns, contar as histórias de resistências e conquistas do negro brasileiro.

Nascia assim, uma série de revistas, com os títulos: Revolta dos Búzios, Revolta da Chibata, Revolta dos Malês e Zumbi dos Palmares, as quais passaram a dar suporte, tanto ao trabalho de qualificação de profissionais de ensino, como ao trabalho com os/as alunos/as de forma didática, leve e eficaz.

O sucesso das publicações fica demonstrado pelo fato de que, após seu lançamento, a procura do material por parte de professores/as, bibliotecas, escolas públicas e particulares, além de alunos/as universitários/as dos cursos das áreas de pedagogia do Brasil inteiro se intensificaram, levando à reedição das publicações as quais se esgotaram rapidamente. Isto foi muito gratificante!

Depois de testado e aprovado, a Escola Olodum lança agora uma caixa, encartando todas as quatro publicações, acrescida de mais um volume direcionado para que os/as mestres/as possam usá-lo para o desenvolvimento de atividades pedagógicas (incluindo os jogos) com os seus/suas aprendentes.

Esperamos que professores/as e alunos/as façam bom proveito do material que ora apresentamos e que o espírito desses heróis e heroínas guerreiros nos guiem no caminho do conhecimento.

Mara Felipe e Marcelo Gentil Coordenadores das Cartilhas Pedagógicas da Escola Olodum