MANUAL DE APRESENTAÇÃO DO CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES EM NÍVEL MÉDIO

Abstract

A presente pesquisa foi realizada com a intenção de apresentar um olhar sobre a Formação de Professores especificamente em nível médio, a fim de investigar a relação dos sujeitos com a profissão docente, em especial a relação com o curso, com os professores e colegas e com o tornar-se professor, para que possamos identificar e compreender quais elementos influenciam na permanência dos alunos no curso e/ou causam a desistência da escolha inicial feita, ou seja o abandono da caminhada dentro do curso de Formação de Docentes originando assim um processo de evasão do mesmo. Quando o Curso de Formação de Docentes foi implantado, neste novo formato, passou a ser ofertado a alunos oriundos do 9º ano, como médio integrado e também como Subsequente, para aqueles que já tinham terminado o Ensino Médio. A procura neste início foi muito grande, principalmente para o Subsequente em virtude do longo período em que não houve oferta do curso. Dessa forma, tínhamos duas realidades bastante diversas entre os alunos: os alunos que saiam do 9º ano e seguiam os estudos sem ter clareza sobre o curso e aqueles já eram adultos e buscavam o curso a fim de viabilizar um campo de atuação profissional – estes sabiam exatamente o que estavam querendo. Essas diferenças de percepção que os alunos tinham sobre o curso começaram a despertar minha atenção e o desejo de compreender mais profundamente as relações que se estabeleciam nesse contexto e desde então venho observando que, a cada ano os alunos chegam na escola muito novos, com 13, 14 no máximo 15 anos, ainda sem maturidade suficiente para compreender e muito menos para escolher o que fazer no futuro, não sabem o que esperar deste curso. Alguns vão porque os pais determinam, incentivam ou escolhem por eles; outros chegam dizendo que algum professor os inspirou através do seu trabalho, da sua maneira de ser e tratar os alunos; ainda tem aqueles que estão por pura curiosidade, ou porque seus colegas mais próximos escolheram estar lá, e eles não quiseram ficar longe. O fato é que no meio do ano letivo, parte desses alunos, resolvem mudar para o ensino médio, pois não conseguem se adaptar a ele e os argumentos são os mais diversos para essa mudança. Ser profissional da educação nos dias atuais não é uma escolha fácil, visto que estamos vivendo tempos em que a informação está disponível em todos os lugares e a internet é acessível para todos, e de acordo com Alarcão (2004) para navegar no turbulento mar da informação, é importante que tenhamos a clareza em diferenciar a simples informação, do conhecimento, assim é fundamental o acompanhamento e orientação de um professor. Se buscarmos na história da profissão docente, e compararmos o docente de alguns anos atrás com o docente de hoje, verifica-se que houve uma modificação significativa em relação a valorização da profissão e do profissional. No passado bem mais valorizada, a profissão se destacava e o profissional desfrutava de status e prestígio na sociedade, muito diferente do panorama atual. Cada vez mais percebemos a importância da escola, do professor e do ensinar, e percebemos também que as pessoas não buscam mais a profissão docente, pois diante de desafios tão grandes e significativos enfrentados a cada dia, os sujeitos querem profissões de maior destaque na sociedade. O magistério é uma atividade árdua e ao mesmo tempo uma das atividades mais bonitas, mais apaixonantes, e mais gratificantes que existe, se levarmos em conta o resultado desse trabalho. Conhecer os alunos, transmitir conhecimento, criar laços, ver o desenvolvimento e contribuir para que ele se dê de forma prazerosa, nos faz continuar com esperança de dias melhores.Sendo assim, não é possível discutir educação sem refletir em relação à formação de quem educa, o que amplia a polêmica que envolve a referida temática. A formação de docentes em nível médio é, outro ponto de divergências e contradições, justamente por se tratar da formação do professor para trabalhar com a Educação Infantil e Anos iniciais, principalmente após a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) nº 9394, em dezembro de 1996. Em 2003 com a mudança de Governo no Estado do Paraná e fugindo da visão e pensamento neoliberal, reacendeu a esperança da reabertura do Curso de Magistério, ofertado em nível médio, - pois havia sido fechado (extinto) na década de 90 em quase todos os municípios do estado, ficando somente 14 escolas a ofertar o referido curso em todo o Paraná. Com a reabertura em 2004 no município de Ibaiti, comecei a trabalhar como professora PSS (Processo Seletivo Simplificado) com turmas de ensino Subsequente (alunos que já tinham terminado o ensino médio) e Médio Integrado (para alunos que estavam finalizando o ensino fundamental). A demanda era grande, pois já fazia muito tempo que não tinha oferta do referido curso. Então os alunos que se matricularam haviam escolhido estar ali por vontade própria, sabiam porque queriam estar ali, já eram adultos na sua grande maioria. E que por um bom tempo os filhos daqueles que fizeram o curso vinham também orientados pelos pais, e que tantos outros estavam buscando um caminho para melhorar a sua vida e a de sua família, através da educação esperava-se encontrar esse caminho. Em 2010 deixou de ser ofertado o ensino Subsequente, pois a demanda já havia sido atendida, então a partir daí a oferta era somente do médio integrado, ou seja, aos alunos oriundos do ensino fundamental. Desde então houve uma mudança significativa, pois esses alunos estão chegando com 13, 14, 15 anos para cursar o primeiro ano, desconhecendo o verdadeiro significado da profissão docente e o objetivo do Curso de Formação de Docentes para a Educação Infantil e Anos Iniciais. Nesta lógica, a construção da imagem docente pode ser pensada, entre construir e desconstruir por intermédio das próprias vivências, como destaca Arroyo (2000), quando afirma que através da convivência, da prática do professor a qual é marcada de várias formas, percebe sua responsabilidade no processo de formação do educando. Dessa forma, é necessário que seja considerada a intencionalidade da atividade docente já que se sabe que ser um profissional da educação não é tão simples, mas não podemos esquecer também que ser professor é se relacionar, é estar imerso nas relações interpessoais, e que é possível através delas efetivar sua função. Carvalho (1999) define a docência como atividade extremamente relacional, a autora constatou em seus estudos que o envolvimento afetivo entre professores e alunos e a preocupação existente com a aprendizagem dos mesmos é um relevante fator de desgaste, mas ao mesmo tempo é fator de satisfação e realização; sentimentos estes que contribuem para que professores permaneçam na profissão, compondo assim o seu significado existencial. A formação de docentes em nível médio é ponto de divergências e contradições, justamente por se tratar da formação do professor para trabalhar com a Educação Infantil e Anos iniciais, principalmente após a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) nº 9394, em dezembro de 1996, onde vem dizendo no seu Artigo nº 62 que: A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura plena, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nos cinco primeiros anos do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal. Portanto nos preocupa as condições e compreensões que estão voltadas a essa formação em nível médio, pois a lei nos diz que tal formação é admitida como formação mínima, no entanto a interpretação que se faz nem sempre evidencia essa realidade, o que muitas vezes podem ser compreendidas como um desestímulo a percorrer esse caminho. Os alunos, quando chegam aos Cursos de Formação de Docentes, têm certas expectativas em relação à escola e ao campo de atuação, e nem sempre têm muito conhecimento sobre o assunto. Um aspecto bastante interessante que observamos durante os anos em que trabalhamos com alunos em formação é que grande parte dos alunos ingressantes escolhe o Curso de Formação de Docentes, principalmente, por gostarem de crianças e possuírem uma visão um tanto quanto romantizada de que, tanto na escola de Educação Infantil, quanto nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, o trabalho será simples e prazeroso, não se considerando, nesta visão, o contexto social e cultural ou ainda as especificidades do processo de ensino e de aprendizagem Pensando nisso, e preocupada com o futuro do Curso de Formação de Docente em nível médio em nosso município, nossa proposta é um Produto Educacional Tecnológico em formato de manual de apresentação, para que tanto os alunos quanto suas famílias conheçam um pouco mais sobre as oportunidades que o Curso de Formação de Docentes traz, como campo de atuação, mercado de trabalho, o que esperar do curso, como ele é composto, e finalmente, a profissão de professor e as possibilidades de atuação. Esta Produção Técnica Educacional é um material que compõe a dissertação de mestrado profissional intitulada EVASÃO NO CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES EM NÍVEL MÉDIO NA MODALIDADE NORMAL EM UM MUNICÍPIO DO NORTE DO PARANÁ.