DEUS E O DIABO EM BACURAU: O sertão no Cinema Novo e na produção cinematográfica contemporânea

Abstract

Esta dissertação analisa a construção de uma imagem do sertão nordestino pelo Cinema Novo, na década de 1960, como lugar de tradição e de um tempo passado e de como essa estética cristalizada pelas produções cinemanovistas dita as produções posteriores, bem como vai se firmar no imaginário popular como uma identidade sertaneja que se manifesta no mesmo movimento histórico de busca por uma identidade nacional. O sertão é colocado como cerne do Brasil ao mesmo tempo como algo que precisa ser superado. Dessa forma, as produções cinematográficas atuais sobre o sertão passeiam ainda pelas mesmas temáticas, porém, com abordagens diferentes e mais plurais sobre a terra e sobre a gente do sertão. Assim, analisa-se a chamada Trilogia do Sertão, três filmes clássicos do Cinema Novo: Vidas Secas (Nelson Pereira dos Santos, 1963), Os Fuzis (Ruy Guerra, 1964) e Deus e o Diabo na Terra do Sol (Glauber Rocha, 1964) e ainda Bacurau (Kleber Mendonça Filho e Juliano Dorneles, 2019), filme que trouxe novamente à tona as discussões a respeito da construção do sertão/Nordeste no imaginário nacional. Nesse sentido, o ensino de História no Brasil tem se mostrado coadjuvante nos processos de construção e de desconstrução dessas imagens, pois relega apenas à História Regional o espaço para tratar das questões referentes ao assunto. A utilização das produções cinematográficas pode, portanto, ser uma das ferramentas do ensino de História para abordar o sertão e as suas imagens em sala de aula, como propõe-se o presente trabalho.