MEMÓRIAS DE AFRONTA: O Clube Negro Social dos Artífices, História, Educação Antirracista e Ensino de História em Belém do São Francisco – PE

Abstract

A presente dissertação tem como objetivo identificar elementos de resistência do povo negro nas relações étnico-raciais em Belém de São Francisco – Pe, nas décadas de 1950 a 2000, tendo como foco o Clube Social dos Artífices, a trajetória dos associados e seus frequentadores. Bem como propor o fortalecimento da Historia local e da Diversidade Cultural no Ensino de História, e refletir acerca do contexto da educação nas relações étnico-raciais no contexto escolar. Historicamente, a educação brasileira tem sido apontada, pelas pesquisas oficiais e acadêmicas, assim como pelos movimentos sociais e, em especial, pelo Movimento Negro, como um espaço/tempo no qual, ainda persistem históricas desigualdades sociais e raciais. Esta situação exige do Estado a adoção de políticas afirmativas, estratégias e práticas de superação do racismo e da desigualdade racial na Educação, as quais começam a ser implementadas de forma mais sistemática nos anos 2000. Nesse contexto, o debate sobre inclusão, diversidade e equidade na educação começa a ocupar um lugar com maior destaque, possibilitando indagações, problematizações, desafios e redirecionamentos das políticas e das práticas realizadas pelo Ministério da Educação, pelos sistemas de ensino e pelas escolas. No entanto, quando se trata da Educação das relações étnico-raciais na escola, há um vazio considerável. Assim, questões desse estudo foram: Qual a importância histórica dos Clubes Sociais Negros para a população enquanto espaço de memória e de resistência no Brasil? Qual a importância das manifestações e aspectos da cultura do povo negro de Belém de São Francisco – Pe, construídas em torno do Clube Negro Social dos Artífices? Como abordar em sala de aula a Historia Local, a diversidade racial-cultural no Ensino de História, valorizando a cultura local numa perspectiva de uma educação antirracista? A presente pesquisa seguiu os métodos da pesquisa bibliográfica qualitativa e como fontes utilizamos teses e dissertações de mestrado e doutorado, livros, anais de congressos, periodicos cientificos e revistas especializadas tais como: MAIA (2010), Por outras vozes: Clube Social Artificies; Memória e Identidade Social, ANDREWS (1998), Negros e brancos em São Paulo, 1888-1988; SANTOS (1983), Tornar-se negro: as vicissitudes da identidade do negro brasileiro em ascensão social, COSTA (2013), O Recife nas rotas do Atlântico negro: tráfico, escravidão e identidades no oitocentos, FERRAZ (2016), Saudades eternas, saudades etéreas: o caso de tentativa de preservação do patrimônio cemiterial de Belém do São Francisco-PE, dentre outros. O corte cronológico definido se dá a partir dos anos de 1955, com a fundação do Clube dos Artífices e o processo de reconstrução no mesmo terreno onde havia à antiga unidade, processo esse em andamento até o ano de 2010. Para tanto foram visitados, de forma mais insistente, os seguintes autores que corroboravam com a proposta da pesquisa: SODRÉ (1983), VEYNE (1971), WHITE (1973), CERTEAU (1975), CHARTIER (2009), FREYRE (1998), CASCUDO (2004), PESAVENTO (2005), NORA (1984), dentre outros. Dessa maneira a pesquisa discute as tensões e os processos de ensino e aprendizagem na disciplina de Historia no que se refere ao trato da questão étnico-racial na escola e na teoria educacional proporcionada pela Historia local do povo negro e suas contribuições para a formação da sociedade belemita como ponto de partida. Assim como lança propostas de como trabalhar essas questões a partir das experiências dos alunos, ancorados na sua própria cultura como suporte para tal empreitada.