Mary Wollstonecraft: Memórias e reflexões (Atena Editora)

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Autor(es): dc.contributor.authorSallum, Alessandra C. Abrahão-
Data de aceite: dc.date.accessioned2022-04-08T11:45:35Z-
Data de disponibilização: dc.date.available2022-04-08T11:45:35Z-
Data de envio: dc.date.issued2022-04-01-
Fonte: dc.identifier.urihttp://educapes.capes.gov.br/handle/capes/701098-
Resumo: dc.description.abstractQuando me lancei nos estudos sobre a vida e obra de Mary Wollstonecraft durante o curso de Mestrado , me deparei, consternada, com o fato de haver, em língua portuguesa, apenas uma obra de sua autoria totalmente traduzida – Reivindicação dos direitos da mulher. Grande parte dos trabalhos publicados em nosso idioma, baseados neste clássico, ou em releituras dele, intentam abarcar o pensamento desta importante filósofa do movimento Iluminista, todavia, suas contribuições vão além das reivindicações de sua obra mais célebre. Wollstonecraft foi sobretudo uma entusiasta da racionalidade, abordando temas como o desenvolvimento das virtudes, educação, moralidade, direitos e cidadania. Podemos encontrar traduzidos alguns trechos de suas demais obras, o que é relativamente pouco, vislumbrando o volume e robustez de sua produção. Diante dessa amostra, fica impossível evitar visões distorcidas de sua filosofia, ou mesmo reducionistas de tudo que Wollstonecraft tem a nos dizer. De maneira alguma ela articulou tudo na Reivindicação. Para além deste livro, achamos textos sensíveis, críticos, militantes. Mary foi uma mulher intensa e isso se faz imanente em seu repertório. Incluindo traduções feitas por ela, escritos literários e filosóficos, além de fragmentos de trabalhos inacabados, compreendemos o porquê de seu ideário vir ganhando força e relevância nos últimos anos – a atemporalidade de muitos dos seus argumentos. As lutas femininas por igualdade continuam vívidas e estritamente necessárias. A descoberta de novas formas de exercer a parentalidade, considerando o vínculo dos pais e cuidadores desde o nascimento, a estimulação precoce do corpo e da mente para formar indivíduos saudáveis e virtuosos, a educação profissional e tecnológica, em período integral, laica, gratuita e de qualidade, com igualdade de acesso a todos, independente de classes sociais, o reconhecimento e valorização dos professores, a integração da comunidade com a vida escolar, tudo isso é só uma amostra do que pudemos encontrar nesse esforço praticamente arqueológico de trazer à luz uma mulher que fez muito mais do que responder a Burke ou Rousseau. A formação em psicologia, entranhada em minhas práticas, permeou o estudo realizado. Como psicóloga compreendo que, para me aprofundar no pensamento de qualquer indivíduo, anônimo ou proeminente, preciso iniciar explorando sua história, para assim adentrar o conteúdo de suas produções. Sem conhecer a pessoa, vida, desafios, sonhos, medos, angústias, sucessos ou privações, é inviável uma leitura contendo uma crítica profunda de seus textos. Debrucei-me sobre a tradução da biografia produzida por Willian Godwin, o viúvo de Mary, pouco tempo após sua morte, bem como de um pequeno texto de autoria da própria Wollstonecraft, complementado por apontamentos deixados em rascunho, para que futuramente redigisse o segundo volume da Reivindicação. Nestes trechos, trazidos na segunda parte desta obra, pode-se observar o refinamento e amadurecimento das ideias que, em juventude, Mary defendeu tão efusiva. Em poucas páginas podemos reconhecer os traços de suas ideias centrais, amadurecidas pela reflexão e experiência. Como Godwin conviveu com ela e pôde colher em primeira mão seus relatos, considerei que, apesar do filtro pessoal que todos aplicamos ao falar de alguém, o relato produzido por ele teria muito a nos revelar. Ele intentava mostrar ao mundo quem foi Wollstonecraft, e simultaneamente calar os críticos, enfatizando a humanidade e singularidade de sua falecida esposa. Talvez, sensível que era ao escrutínio social, estivesse num esforço particular para justificar também suas escolhas e seu modo de agir, pensar e sentir. Certamente foi malsucedido. Ao que parece, a sociedade setecentista não estava preparada para se deparar com tal relato. O que ele conseguiu foi jogar a imagem de Mary ainda mais fundo no foço da crítica, o que respingou em sua obra, a ponto de esta deixar de receber novas edições por décadas. Wollstonecraft caiu num longo e sombrio ostracismo. Mesmo depois de grandes esforços para reavivar sua memória e produção, ela ainda é reconhecida como “mãe de Mary Shelley” ou “avó do Frankenstein”. Nas civilizações egípcias, o pior que se podia fazer era apagar das pinturas funerárias o nome de alguém, banindo sua existência. Mary passou por algo semelhante. Teve sua identidade reduzida a “esposa de”, “filha de”, “avó de”, além de ter seu pensamento invisibilizado. Ao resgatar sua história, buscamos lhe devolver seu nome, sua identidade. O intuito é prosseguir com a tarefa hercúlea de traduzir toda a produção de Mary Wollstonecraft, facilitando o acesso dos falantes da língua portuguesa à sua vasta obra. Ela passou parte da vida buscando merecida notoriedade. Conseguiu-a por um curto tempo, antes de ser ceifada por uma morte precoce. Aqui nos somamos a diversos estudiosos e estudiosas num esforço para reabilitar seu merecido status: filósofa canônica do movimento Iluminista, ao lado de tantos outros gigantes. Um passo por vez. Por ora, apreciemos, na primeira parte desta obra, o que Godwin tinha a nos contar. Nossa escolha pelo relato biográfico elaborado por ele não se deu por privilégios de gênero, priorizando as palavras de um homem em detrimento de outros redigidos por mulheres, ou por negarmos o lugar de fala da própria autora. É possível encontrar coletâneas de correspondências redigidas por ela, repletas de lacunas. Reconhecemos que ele se esforçou selecionando e organizando suas memórias. Lamentamos que, como curador de seu espólio, Godwin tenha destruído registros que julgou inferiores à qualidade das obras de Wollstonecraft. Pena constatar que mesmo um homem com pensamento liberal como ele não concedeu a sua amada esposa a liberdade de ter a integra de seu trabalho publicado, permitindo que cada um selecionasse o que é relevante ou não. Na segunda parte, trouxemos uma pequena reflexão de Wollstonecraft sobre a poesia, filosofia e arte, que é um verdadeiro deleite para o leitor, complementada pelos esboços da continuação da Reivindicação, marcados por um tom mais austero, no qual ela pretendia aprofundar-se na discussão dos direitos civis das mulheres, além de encorpar suas análises sobre a criatividade, a razão e as paixões, bem como a problemática das punições. A partir desses curtos fragmentos, publicados postumamente, esperamos despertar o interesse para o que virá. Em futuros trabalhos, produziremos outros volumes, com os textos da própria Wollstonecraft. Este é o primeiro livro de uma coleção que está em gestação. O convite estendido ao leitor neste momento é de uma aproximação da mulher Mary, com todas as suas idiossincrasias e contradições, para posteriormente se aventurar, com um novo olhar, pela leitura de suas palavras.pt_BR
Idioma: dc.language.isoenpt_BR
Palavras-chave: dc.subjectWollstonecraftpt_BR
Título: dc.titleMary Wollstonecraft: Memórias e reflexões (Atena Editora)pt_BR
Tipo de arquivo: dc.typelivro digitalpt_BR
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