Modelo 3D da bactéria Escherichia coli como recurso educacional inclusivo no âmbito da deficiente visual

Abstract

A carência de materiais didáticos adaptados para o ensino de ciências, envolvendo principalmente os microrganismos, que são invisíveis a olho nú e sem a possibilidade de manusear, aponta para a necessidade de buscar recursos que possam ser empregados para o ensino atendendo as especificidades do público com deficiência visual (cego e Baixa Visão). Dentro dessa perspectiva, como produto de tese de doutorado de Andréia Santos Silva, foi construído em 3D a bactéria Escherichia coli, como modelo representativo de células procariotas. A imagem que serviu como base para a confecção do modelo foi selecionada de um livro de Microbiologia. A modelagem tridimensional foi feita utilizando o software Rhinoceros, que é uma ferramenta para modelar e documentar precisamente os desenhos em 2D e 3D, preparando-os para renderização, análise, engenharia, animação e construção dos modelos. O modelo foi impresso na impressora da marca Up Box, que utiliza a tecnologia conhecida como “técnica de fabricação aditiva” ou FDM em filamento ABS nas dimensões de 25 cm de comprimento e 9,5 cm de largura e 8,3 cm de altura. Para representar o flagelo bacteriano foi utilizada linha de nylon transparente. Todas as estruturas são em alto relevo e diferenciadas da base por cores, para facilitar a visualização dos alunos com baixa visão. O modelo foi pintado com três tipos de tinta: tinta spray branco fosco (marca ChemiColor) para a pintura da base; tinta PVA fosca para artesanato (marca Acrilex) e esmalte sintético (marca Kolimar) para pintura das estruturas e envernizado com verniz incolor (marca ChemiColor) para proporcionar maior proteção e acabamento das peças. Um dispositivo de áudio com as funções das organelas foi acoplado, cujo som é liberado pelo acionamento de botões. O sistema funciona com o auxílio de um carregador conectado a energia elétrica e a uma mini caixa de som portátil para amplificação do som. Também é possível a utilização de um fone de ouvido. Para acompanhar o modelo foi desenvolvido um manual de instrução com as seguintes informações: precauções quanto ao uso e à segurança, orientações ao professor, sugestão de uso e aplicações curriculares. O modelo foi testado por pessoas com deficiente visual e por professoras especializadas em materiais adaptados. Os resultados foram excelentes quanto ao produto e a potencialidade como recurso educacional. Com esse modelo espera-se contribuir com o ensino-aprendizagem dos alunos com deficiência visual, provendo um ensino eficaz e inclusivo, sem excluir os estudantes com visão normal, já que é um recurso acessível a todos os públicos.