Atualidade brasileira e o lugar do ensino de Sociologia na formação da subjetividade autônoma dos sujeitos autorrealizados

Abstract

A presente pesquisa é uma discussão teórica que pretende investigar o lugar que o ensino de Sociologia ocupa na formação da subjetividade autônoma dos sujeitos autorrealizados, tendo em vista o recrudescimento da racionalidade neoliberal no Brasil, sobretudo a partir da articulação do pensamento conservador e das ideias de extrema-direita, antes e após as eleições de 2018. Para tanto, analisamos o neoliberalismo enquanto sistema normativo fabricador de subjetividades empresariais; em seguida, investigamos elementos de afinidade que possibilitam a articulação do pensamento conservador com o neoliberalismo e a extrema-direita e os possíveis efeitos dessa aliança para o Brasil; mostramos, também, como o sentimento da vergonha de si, o ressentimento e o esquecimento do reconhecimento intersubjetivo são obstáculos que bloqueiam a luta em favor da emancipação; e, por fim, argumentamos a respeito da contribuição do ensino de Sociologia na formação da subjetividade autônoma do sujeito autorrealizado/emancipado. A metodologia adotada é essencialmente qualitativa. Partimos da leitura da literatura especializada, da análise de documentos oficiais, de uma entrevista publicada em uma revista de circulação nacional e dos dois discursos de posse do presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro. Para analisar a entrevista e os discursos, utilizamos as noções foucaultianas de dispositivo e nível pré-conceitual, além do pressuposto teórico-prático de Outro da psicanálise. Os documentos oficiais analisados nesta pesquisa foram a Lei 13.415/17, que alterou a Lei de Diretrizes e Base da Educação, a Base Nacional Comum Curricular e as Orientações Curriculares para o Ensino Médio. Com a realização dessa pesquisa, acreditamos ter fornecido, para o debate, alguns elementos teóricos e práticos que reafirmam a defesa do ensino de Sociologia nas instituições escolares, sobretudo neste momento em que o Brasil é governado por Jair Messias Bolsonaro, cuja candidatura a presidente, em 2018, representou uma aliança antipopular, designada por nós de reação reacionária. O ensino de Sociologia desperta a consciência para a compreensão de que a base da sociedade está no conflito e sua gramática é a luta por reconhecimento intersubjetivo. No nosso entendimento, é essa compreensão que caracteriza a autonomia do sujeito autorrealizado.