Saúde e Trabalho na Segurança Pública: reflexões científicas e experiências práticas

Abstract

Quando optamos a escrever sobre o tema saúde e trabalho, pensamos nos anos de atividade que exercemos em segurança pública, principalmente no estado do Ceará, e no que poderia ter nos ajudado a obter mais qualidade de vida, bem-estar e saúde no transcorrer desses anos. Todavia, o pensamento que pode vir primeiro à nossa mente é, muitas vezes, relacionado aos tipos de doenças que possivelmente podemos desenvolver em virtude do trabalho no qual estaremos inseridos. São dois ângulos diferentes para visualizarmos um mesmo assunto. Por um lado, o que nos trará mais saúde e, por outro lado, aquilo que poderá ensejar o adoecimento, aquilo que pode aniquilar nossa saúde. Diante disso, pela ótica científica e pela nossa experiência pessoal dentro da atividade de segurança pública, observamos que a patogênese e a patologia são bem mais estudadas e comentadas no ambiente de trabalho, mas existe outra forma de vermos e abordarmos o assunto, a saber, um termo que ganha força, apesar de ter sido proposto no ano de 1979, século passado, por Aaron Antonovsky, esse termo é a salutogênese. Portanto, em vez de focalizarmos somente na reatividade, na cura de doenças, na medicalização, na hospitalização, entre outras formas de atuação com o sofrimento e o adoecimento físico e mental na segurança pública (Dejours, 1994), pretendemos também falar daquilo que fortalece a saúde, nos fatores protetivos e geradores de saúde e de qualidade de vida. Assim, entendemos que a saúde deve ser trabalhada para melhorar a qualidade de vida do profissional, prevenir doenças e, em caso de adoecimento, tratar e manejar doenças no corpo e na mente, para obter cura e também lidar com possíveis sequelas e necessidades de adaptação após episódios desses adoecimentos. Existem, portanto, trabalhos de prevenção, de tratamento e de pósvenção relacionados à saúde e à qualidade de vida. Escrevemos sobre esses momentos distintos, a fim de ajudar aos futuros servidores públicos a terem autocuidado, cuidado para com seus colegas de trabalho, bem como para as demais pessoas dos ambientes familiar e laboral em que estejam inseridos. Por fim, ressaltamos que a mente e o corpo são estudados separadamente para fins didáticos, mas existe relação de afeto e influência entre eles durante todo o tempo, assim, o ser humano precisa ser visto de forma integral, levando em conta os ambientes onde esteja inserido. Desejamos uma boa leitura!