Histórias de mulheres jovens e adultas estudantes: ensino de história como meio de conscientiza-ação

Abstract

Este trabalho faz parte da linha de pesquisa sobre conhecimento histórico em diferentes espaços de memória do Programa Profhistória e tem como objetivo dialogar com três alunas do curso de Educação de Jovens e Adultos (EJA), da cidade de Biguaçu - SC, para refletir sobre a conscientização sobre meios de ensino de história. Estas alunas em 2017, enquanto estudavam, se mobilizaram politicamente em busca de melhores condições de acesso à educação. Assim, esta pesquisa qualitativa se interessou em conhecer a história dessas mulheres e quais dimensões de suas vidas as levaram a se engajar. Para tanto, apresenta um breve histórico da constituição e implantação da EJA, refletindo também sobre os documentos norteadores do Município de Biguaçu-SC, que orientam as práticas educativas para adultos no município. A partir dos conceitos de agência e consciência, é possível observar as formas de movimentação dos alunos, destacando alguns exemplos de atividades que foram desenvolvidas em sala de aula e são apresentadas neste trabalho. Além disso, o debate sobre as questões de gênero, memória e vivência, entrelaça as histórias de vida dessas mulheres a tal ponto que esta dissertação as considera coautoras, e as convida a participar, resgatando o lugar onde falam, suas memórias, seus saberes escolares, seu retorno à escola na EJA e como esses processos contribuíram para o incentivo à sua participação cidadã. Seus discursos são apresentados em mônadas, coletados em entrevistas, espaços que se abrem para a narrativa de experiências vividas em formas de flashes de memórias, dialogando com experiências (Benjamin e Scott), memória (Paim), gênero (Santos e Pedro), educação libertária e conscientização (Freire e Arroyo). As coautoras optaram por não se identificar, adotando pseudônimos: Agnes, Lala Coelha e Valentina. Esta metodologia pressupõe relações horizontais entre pesquisadoras e sujeitos, e permite que, no processo de narrar suas experiências, essas mulheres possam se empoderar com sua própria história. Seus relatos mostram que elas sobreviveram às mais variadas mazelas que a sociedade capitalista, misógina, preconceituosa, racista e homofóbica lhes infligiu. Por fim, ganham corpo neste trabalho, o que denota a coragem dessas mulheres em enfrentar situações adversas, e ainda cultivam a esperança de um futuro com mais possibilidades, partindo da premissa de que a educação deve ser conquistada.