BACURAU E A MÚSICA NA FLORESTA Uma visão etnográfica da contribuição musical de Francisco Augusto Vieira Nunes (Bacurau) para os movimentos sociais no Acre (1972-1993)

Abstract

O presente trabalho versa sobre a contribuição da produção musical de Francisco Augusto Vieira Nunes, o Bacurau, observando a participação deste artista nos movimentos de defesa da floresta e na discussão da condição das classes marginalizadas no Estado do Acre, no período de 1970 a 1988. Uma das questões analisadas diz respeito à participação deste compositor no Festival Acreano de Música Popular - FAMP e a efervescência cultural no Acre nas décadas de 1970 e 1980. A pesquisa, de cunho qualitativo, foi realizada em duas etapas: a primeira, envolveu trabalho de campo, com visitas aos acervos históricos de Rio Branco e à Sala de Memória Bacurau; e a segunda, de cunho bibliográfico, envolveu a análise sociológica das letras das músicas de Francisco Augusto Vieira Nunes. Como fonte teórica principal, recorremos às ideias de Lucy Green (1997), a fim de direcionar a análise sociológica das letras das músicas de Bacurau. Como resultado deste trabalho, encontramos uma produção musical riquíssima, que mostra toda a complexidade de atuação deste militante social em vários campos. Bacurau produziu músicas que falam sobre o cotidiano dos seringueiros e os conflitos de terras que se seguiram após a transformação dos seringais em fazendas agropecuárias; as desigualdades sociais e a necessidade de conscientização do povo; sobre a religiosidade do caboclo amazônico; a discriminação enfrentada pelos hansenianos; além de enfatizar em suas letras a temática do amor. Bacurau foi um músico que soube contar com singeleza e simplicidade seu contexto social e cultural, enriquecendo o fazer musical no Estado do Acre.

Palavras-chave: Bacurau, movimentos sociais, Sociologia da Música.