Do ser ao saber: relatos de experiência de pessoas que vive(ncia)ram a Graduando

Abstract

Este livro é motivado por inúmeras outras publicações, e vai continuar sendo, mesmo depois de acessado, visto e lido. Este livro é um traço do texto interminável que é a existência de um grupo de pessoas nesta terra, nos próprios espaços, muitos deles compartilhados; pessoas capazes de pensar e agir aquém e além de si mesmas. Àqueles que pensam serem apenas os nomes que estão presentes neste livro os agraciados com elogios sobre a autoria ou trabalho únicos (ou em dupla) sobre a publicação, anunciamos que, embora não haja registro de todas as pessoas envolvidas até este momento com o periódico que originou este livro, seus nomes e ações estão e estarão lembrados aqui para quem se dispuser a ler as outras e estas palavras aqui reunidas. Assim, almejamos que se perceba em todas estas páginas do livro não apenas palavras, mas experiências, vivências, relatos escritos a partir de momentos individuais ou coletivos, em que se laborou com o corpo e a mente para proporcionar a outrem o necessário ato de ler e, com ele, ter ciência sobre e para agir aonde se pode chegar. A organização, a chamada para o envio de textos, a revisão e a feitura deste livro (e das duas últimas edições do periódico que lhe inspirou) aconteceram em meio a um acontecimento mundial que distanciou fisicamente as pessoas umas das outras, restando-nos a percepção segura do outro, durante muito tempo, por meio da internet, em transmissões de áudio e/ou vídeo por streaming, ou mesmo acesso a essas transmissões sempre que possível. Embora nem todos pudéssemos acessar tais serviços – muito menos com a estrutura e a qualidade necessárias –, fizemos isso e proporcionamos, por meio desses recursos, não raros, salvadores da sensação de solidão, o compartilhamento de nossos pensamentos, de nossa presença e de nossos gestos com a linguagem, principalmente com palavras escritas e faladas. Essas referências coletivas mais utilizadas de nossa linguagem uniram, unem e unirão pessoas em períodos de nossa história, sempre aglutinando parte do que fazemos em nossa geração e que, muitas vezes sem percebermos na medida de nosso próprio olhar, participam da formação de novas gerações e novas perspectivas nos espaços em que nos coube, em que nos cabe e em que nos caberá existir. O livro que apresentamos é uma composição, como também o são os objetos que, em última análise, motivaram-no. É oportuno dizer “em última análise”, porque o livro marca os 10 anos de atuação da Graduando: entre o ser e o saber, revista acadêmica da graduação em Letras da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), na vida de pessoas que a foram incorporando às próprias leituras e nos espaços em que o periódico se fez presente, em textos escritos, em corpos vivos e em ideias propagadas. Ou seja, uma publicação para discentes, estudantes de graduação da área de Letras, completou uma década de publicação ininterrupta de artigos e resenhas, atividade rara quando da época de sua idealização e ainda pouco comum nos espaços e no tempo da publicação deste livro. Também em última análise, o material que corporifica o periódico é o resultado de horas de estudo, reflexão e escrita, momentos de pesquisa que exemplificam a experiência em destaque com a publicação: o exercício necessário do pensamento científico e acadêmico na formação do ser humano no universo da atuação sobre e para a própria vida. A vida do periódico, destacada nesta publicação em seus 10 anos, demonstra com este livro o reconhecimento da importância de cada trabalho realizado em prol da concretização de cada etapa para alcançar os objetivos de cada atividade, trabalho específico de cada edição, da escrita do trabalho até sua publicação efetiva, passando por análises, revisões, normalizações, editorações, publicações, divulgações e referenciações. Este momento busca destacar mais um descendente de nossos conhecimentos e escritas, o livro, juntamente com cada número publicado da revista. Entretanto, ainda mais importante que isso, destacamos aqui e com os demais textos que compõem esta publicação a capacidade e a experiência de vida de cada pessoa que ajudou a integrar este periódico para fazer o que faz e ser o que é, conscientes de que conectamos e mobilizamos seres para realizar um projeto, interligando universos de vida e proporcionando novos universos ainda mais diversos e novos no tempo, no espaço e na experiência de cada pessoa. Esses universos, bem como a própria vida deste ser humano, são inevitavelmente compostos por outras vidas, e o fato de ser inevitável não o deve tornar insuportável ou indissociável, mas necessariamente dialógico, pois as pessoas são seres sociais e suas realizações tornam muitas destas experiências ações referenciais na diacronia das experiências coletivas das gerações que as precedem e as sucedem. Somos, então, com este livro, sob um conjunto de relatos de experiência a respeito de vivências pelo periódico acadêmico discente de uma universidade do nordeste baiano e brasileiro, um objeto gestado pela confluência das tantas, diversas e preciosas pessoas, de outros lugares e culturas deste estado, desta região, deste país, continente e planeta. Também, com essas palavras, agraciamos o trabalho, a disposição, a generosidade e a dedicação de profissionais reconhecidos, com seu cargo e sua humanidade, que colaboraram para que cada dia essa ideia, inicialmente inspirada em sala de aula, pudesse organizar- se resistente e resiliente para se tornar projeto e passar a se presentificar na realidade da pessoa que lê, de espaços em que está e das realidades que integra. Os dez textos que sucedem a esta apresentação contêm relatos breves, de leitura agradável e informativa, sobre aspectos da experiência de articulistas, revisores e revisoras, conselheiros e conselheiras, colaboradores, editores e editoras, imagistas, comissários e comissárias, autores e autoras de textos e da própria vida, muitos e muitas, quase sempre, cumulando (mais oportuno menos hierarquizante do que acumulando) mais de uma atividade. São textos escritos tanto mais próximos às normalizações mais identificadas com a academia e com o científico, tanto mais compreensíveis segundo as normalizações mais identificadas e contempladas por universos de criação e estrutura de maior liberdade, como a literatura de cordel. A chamada para o envio de relatos tentou contemplar liberdade criativa, estrutural e referencial e estimular o maior conjunto possível de pessoas que se envolveram com a Graduando até o momento. O conjunto de 11 textos, com este prefácio, representa uma diversidade simbólica importante nesse sentido. Buscamos prestigiar as experiências diversas desde o planejamento do livro, com a elaboração das normas, e mesmo depois, com o tratamento dos relatos recebidos, o diálogo com autores e autoras e os processos de revisão, normalização e editoração. Esta apresentação também é um exemplo disso. Esperamos que o livro represente bem o apreço recíproco pelo qual, juntos, conseguimos constituir essa atividade no tempo de uma década. Homenageamos o periódico a partir dos 10 anos construídos com todas as pessoas que realizaram quaisquer ações em função dele. Quem escreveu e não escreveu; quem publicou e não publicou; quem riu, chorou, entusiasmou-se, confundiu-se, irritou-se, desculpou-se, amou-se, orgulhou-se, odiou-se, solidarizou-se e, assim, viveu com a revista em alguns momentos nos quais confluíram objetivos, essas pessoas têm o respeito, a confiança e a esperança de quem organiza este livro. A geração de pessoas e de instituições em torno do que celebramos nesta obra são nomes com vivências que, coletivamente neste livro, referidas nominalmente ou não, são e farão parte de uma história que continua sendo materializada em arquivos e textos, em ações e palavras que se reafirmam e que se enriquecem com o transcorrer dos dias, marco no presente que se deixa para a posteridade. Que venham outros números da revista! Que venham novos livros com outros relatos de experiência! Que venham outras gerações, para integrar e reafirmar a existência e a contribuição desta atividade para a leitura e a escrita, na vida individual que se descobre coletiva na realidade e na diversidade exatas da expressão do ser que há em nós.