Perfil dos/das profissionais de Instituição de Longa Permanência para Idosos/as: competências para o cuidado e o bem-estar

Abstract

Na velhice, para onde ir? Onde ficar, com quem estar e, quando necessário, quem pode cuidar? No Brasil, ainda predomina a ideia de que a pessoa idosa deve ficar entre seus familiares e, em especial, sob os cuidados da mulher. Não pretendo debater essa concepção, mas apenas apontar os riscos da hegemonia desse pensamento, cuja tendência é a de anular/marginalizar outras alternativas, que poderiam e podem ser satisfatórias para viver essa fase da vida, tais como as Instituições de Longa Permanência (ILPIs), objeto de estudo da pesquisa deste livro, centrado na análise do perfil dos profissionais dessas entidades. A ideia do espaço familiar como ideal e único para viver a velhice, muitas vezes, impõe às mulheres, não apenas uma sobrecarga de dedicação de seu tempo aos mais velhos da casa, mas, também, a sua culpabilização se a pessoa idosa não recebe o cuidado integral que lhe deveria ser oferecido. As Instituições de Longa Permanência aparecem sempre como último recurso, visto frequentemente como sinônimo de lugar para onde vão os que não tem nenhuma outra opção: lugar dos esquecidos, abandonados, sem família e sem amor. Esse pensamento ainda dominante alimenta e é alimentado pelas condições encontradas em muitas dessas entidades, frequentemente, consolidadas como um lugar onde a assistência básica, necessária à sobrevida, é o serviço prestado. Sem dúvida, o Estatuto da Pessoa Idosa e demais políticas públicas desenvolvidas no país, bem como, a vigilância das condições sanitárias e humanas mínimas a serem por elas atendidas, trouxeram grandes avanços para a melhoria dessas estruturas, tanto públicas como privadas. No entanto, é insuficiente. Ainda há uma grande escalada para tornar esses espaços, de convivência ou vivência, viáveis. Há muito que se fazer para transformar, qualitativamente, essas estruturas, de forma a superar as condições concretas existentes, como também alterar as concepções historicamente introjetadas. As ILPIs surgem, com a proposta de superar esse imaginário (nem tão imaginário assim, considerando as péssimas condições de grande parte delas, antes do Estatuto da Pessoa Idosa) e de se apresentarem como alternativa de moradia e proteção tanto para a velhice dependente como para a velhice saudável. As ILPIs, poderiam sim, ser objeto preferencial de desejo de muitas pessoas idosas, mesmo com familiares vivos e afetivos, se ali fossem oferecidos os serviços necessários para uma velhice digna. Essa mudança tem que se efetivar em várias frentes, mas basicamente em dois campos: por um lado, pela continuidade da permanente vigilância do funcionamento delas, por parte dos órgãos estatais competentes, dos familiares e da sociedade civil organizada (as entidades de defesa dos direitos da pessoa idosa vêm efetivando excelente trabalho nesse sentido). Por outro lado, a realização de estudos e pesquisas que identifiquem os problemas e apontem soluções para superar os obstáculos e as lacunas