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| Metadados | Descrição | Idioma |
|---|---|---|
| Autor(es): dc.contributor.author | Neto, Osório | - |
| Data de aceite: dc.date.accessioned | 2021-12-05T20:28:43Z | - |
| Data de disponibilização: dc.date.available | 2021-12-05T20:28:43Z | - |
| Data de envio: dc.date.issued | 2020 | - |
| Fonte completa do material: dc.identifier | https://www.rfbeditora.com/ebooks-2020/ebook-26 | - |
| Fonte: dc.identifier.uri | http://educapes.capes.gov.br/handle/capes/643758 | - |
| Resumo: dc.description.abstract | A obra de OSÓRIO AUGUSTO DE SOUZA NETO e ESTÉFANO VIZCONDE VERASZTO critica processos de inclusão educacional, particularmente em relação ao ensino de ciências da natureza e matemática, de estudantes público alvo da educação especial de escola pública do interior do estado de São Paulo. Sua inquietante leitura trazia-me o incômodo de três histórias que descrevo brevemente: em 2018 minha mãe contou-me ter visto nas redes sociais que uma jovem negra, filha de uma empregada doméstica, fora aprovada para cursar medicina em uma universidade pública brasileira. Disse-lhe: “Mãe, essa moça não existe”. Não duvidara da informação, afirmara que estatisticamente a situação descrita era aproximadamente zero, fato que inclusive merecera destaque da mídia. Em 2012 participei de um evento de formação de professores promovido pela UNESP, na cidade de Águas de Lindóia-SP. Lá, assisti uma conferência de um grande educador brasileiro que no início de sua fala apresentou a seguinte indagação: “Gostaria de saber quando a escola pública de educação básica desandou”. Pus-me a pensar na qualidade do ensino da escola pública brasileira atual, a compará-lo com a do passado e com o de instituições privadas. Lembrei-me de uma pesquisa apresentada em um de seus livros que relata que a cada 100 alunos ingressantes na primeira série do ensino fundamental em 1977, apenas 17% se formariam ao final de 8 anos, em 1984: perguntei-me: “aquela escola era boa? Boa para quem”? No ano de 1988, numa cidade do interior Paulista, em um primeiro ano do ensino médio de uma escola estadual, um professor de matemática percebeu um aluno deficiente visual dormindo na última carteira da sala. Ele que assumira o posto da antiga docente, estreava ali, em pleno terceiro bimestre. O professor, formado na década de 1970 em licenciatura em física pela UFSCAR e que nunca tivera uma única sequer disciplina sobre educação inclusiva ou especial, não titubeou mediante à constante cena cotidiana. Resgatou o aluno não apenas do fundo daquela sala de aula, mas do destino socialmente traçado aos cegos brasileiros. E qual é a relação entre essas histórias e a obra de OSÓRIO e ESTÉFANO? Diria inicialmente que é a contradição anacrônica entre diferentes discursos e práticas. Me parece que nos especializamos em tergiversar para mantermos privilégios de uma classe dominante. De um lado, há um certo discurso legal com teor solidário democrático inclusivo. De outro, vale a prática da produção e do lucro, onde determinadas capacidades, mesmo que pré-avaliadas ou subjugadas, ganham destaques e status com a finalidade de desmerecer outras, circunstancialmente consideradas socialmente improdutivas. Os autores descortinam uma “engrenagem legal” que sustenta uma estrutura que, nos últimos 30 anos, ora dá um passo e recua dois na direção da educação inclusiva e ora gira em torno dela. Denuncia o distanciamento de alguns professores de seus alunos, ou seja, a antítese do que fizera, em 1988, o docente do interior paulista. Mostra, sem sombra de dúvidas, o que assombra docentes e gestores da educação pública: os índices de desempenho escolar produzidos por avaliações de larga escala e como supostamente estudantes público alvo da educação especial influenciariam negativamente em tais índices. Como resultado de políticas educacionais que continuam menosprezando os múltiplos privilégios sociais distribuídos entre os discentes, não seria surpresa notarmos que os mesmos 17% dos alunos de outrora continuariam atualmente a atingir as metas esperadas. Ainda, teríamos os 83% sendo deixados à margem, se mudanças legais não fossem produzidas nas últimas décadas. Se o ideário de qualidade presente no “desandou” do grande educador supramencionado fosse resgatado, “recuperaríamos a qualidade do ensino da escola pública do passado” por ele proclamada. Nesse mar de contradição e anacronismo, reconheço que evoluímos sobre a educação inclusiva dos estudantes público alvo da educação especial, particularmente em relação ao ensino de ciências da natureza e matemática. Isso se dá, em minha opinião e também pela leitura que fiz da obra de OSÓRIO e ESTÉFANO, pela crise produzida pela instituição da diferença. Contrariamente aos “anos dourados” da escola pública, deveríamos utopicamente construir, a partir da escola, mas não apenas dela, uma sociedade fundamentada no princípio dialético identidade/diferença. Nesta sociedade, a jovem negra filha da empregada doméstica seria promovida de inexistência estatística para probabilidade real. Você, querido leitor, “realmente leria este prefácio”, uma vez que seu autor é o aluno deficiente visual que o docente de matemática buscara no fundo da sala. Estatisticamente, ele “não foi escrito”, pois no Brasil, a probabilidade de uma pessoa cega estudar em escola pública, chegar à condição de docente de física universitário, ler um livro e prefaciá-lo é zero. | pt_BR |
| Idioma: dc.language.iso | pt_BR | pt_BR |
| Direitos: dc.rights | Attribution 3.0 Brazil | * |
| Licença: dc.rights.uri | http://creativecommons.org/licenses/by/3.0/br/ | * |
| Título: dc.title | PERSPECTIVAS DE INCLUSÃO ESCOLAR EM AULAS DE CIÊNCIAS DA NATUREZA E DA MATEMÁTICA | pt_BR |
| Tipo de arquivo: dc.type | livro digital | pt_BR |
| Aparece nas coleções: | Livros digitais | |
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