Sequências didáticas como meio para constituir laços relacionais com um aluno autista

Abstract

O presente produto educacional acompanha a dissertação “O acompanhamento de uma criança autista em seu processo de escolarização”. O produto educacional idealizado, no início do mestrado em 2018, se pautava na elaboração de atividades de escrita, especificamente em sequências didáticas, para serem trabalhadas com uma criança autista. Nosso objetivo era analisar elementos de escrita que emergissem das produções do aluno para tentar depreender de que modo ele realizava os movimentos de assimilação dessa modalidade de linguagem. A pergunta de pesquisa foi, naquela ocasião, assim formulada: quais os avanços obtidos na aquisição da linguagem escrita de um aluno autista que se encontra cursando o ensino fundamental a partir da sequência didática proposta? A descrição dessa pesquisa, caracterizada como um estudo de caso, foi aprovada pelo Comitê de Ética e desenvolvida no Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (CEPAE/UFG), no ano de 2019, tendo como participante um aluno com Transtorno do Espectro Autista (TEA). As atividades foram efetivamente elaboradas e trabalhadas com o aluno. Porém, os estudos teóricos, feitos durante a pesquisa, a experiência com crianças autistas e as discussões com a orientadora levaram-nos a mudar o rumo da pesquisa. Nosso objetivo passou a ser a discussão sobre a importância de a criança com TEA: 1. Estar inserida no processo de escolarização na modalidade inclusiva, e 2. Ter um acompanhamento individualizado, seja em uma escola regular ou especial. Trouxemos para essa discussão posições divergentes defendidas por Jerusalinsky (1997) e Kupfer (2013), de um lado, e Mantoan (2015), de outro. A partir do novo rumo tomado, constatamos que a contribuição maior do produto educacional proposto consistiu no fato de que, com a experiência obtida ao realizar as sequências didáticas, pudemos reformular nossas questões iniciais. A leitura do Produto Educacional “Oficinas Pedagógicas – Escrita de Alunos do 1° ano do Ensino Fundamental” (2019), de autoria de Virgínia Bonfanti, aluna egressa do Programa de Pós-Graduação em Ensino na Educação Básica (PPGEEB), também ajudou na reformulação de nossos objetivos, pois observamos que o movimento de aquisição de escrita alfabética dos alunos do 1º ano do Ensino Fundamental, de uma sala de aula comum, não apresenta diferenças consideráveis em relação ao movimento de aquisição feito pelo aluno com TEA. Por fim, concluímos que foi a experiência com as atividades de escrita, por meio das sequências didáticas, que nos levou a considerar a importância de a criança TEA frequentar a escola para (re)constituir o laço social e para se reconhecer como sujeito da cultura na qual está inserida.