Âncoras da memória: um percurso sobre os “Rios” das crônicas de Lima Barreto

Abstract

Ruínas e pedras, marcos e marcas dos vestígios materiais do passado, constituem algumas “âncoras de memória”. Objetos fragmentados e deslocados no tempo representam ao mesmo tempo uma ausência e uma presença do passado, só que porém não “falam”, “informam”, ou “ensinam” sozinhos. Para ler e acessar os vestígios materiais de uma cidade é preciso da existência de uma imaginação criadora. Ou seja, de uma imaginação que possa dar conta da ausência deixada nas ruínas, objetos e vestígios do passado. E dentro desse quadro recorremos à literatura, que se torna uma ferramenta potente para a leitura da materialidade do passado e para a compreensão das subjetividades de outras temporalidades. E na busca de uma sensibilização para o ensino de história o presente trabalho desenvolveu um percurso pedagógico intitulado “ Os Rios de Lima Barreto” que usou as crônicas do autor como forma de acesso ao patrimônio e às diferentes temporalidades que se cruzam e sobrepõem na cidade. A ideia foi mobilizar a figura do flâneur como um potente leitor das cidades. Ao andar, perambular, sem destino, deixa de ser uma passante (que busca ir de um ponto para outro) e se torna um caminhante (cuja única preocupação em si, é o ato de andar). As fontes utilizadas foram, portanto, a cidade do Rio de Janeiro e as crônicas de Lima Barreto.