Experimentações, kung fu e produção de diferença e repetição em educação (Atena Editora)

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Autor(es): dc.contributor.authorGARCIA, JORGE-
Data de aceite: dc.date.accessioned2021-10-08T13:31:19Z-
Data de disponibilização: dc.date.available2021-10-08T13:31:19Z-
Data de envio: dc.date.issued2021-10-08-
Fonte: dc.identifier.urihttp://educapes.capes.gov.br/handle/capes/603796-
Resumo: dc.description.abstractApresentar o livro de Jorge Garcia é privilégio e compromisso que me afetam em vários planos, por distintos motivos. Cito apenas três: Primeiramente, pela atenção que compartilhamos acerca da educação crítica e da produção de conhecimento reflexivo, particularmente no âmbito de uma instituição pública de ensino, como o Instituto Federal Sul-Rio-Grandense (IFSul), onde esta pesquisa de mestrado em Educação e Tecnologia foi gestada. Em segundo lugar, pela admiração que nutro por este “irmão mais velho” da academia de Kung Fu estilo Louva-a-Deus, conduzida por nosso professor, Eduardo Lahoud, em Pelotas/RS. Finalmente, pelo fascínio que exerce sobre nós dois esta arte marcial ancestral. Seus diferentes estilos e técnicas, histórias, fundamentos, mitos e rituais, impregnados na civilização chinesa, difundiram-se pelo globo a partir da determinação e desejo de seus praticantes em mantê-la viva, eternamente renovada, a cada repetição de gestos apreendidos, executados e compartilhados. Repetição e diferença, como tema desta investigação, não são mera retórica ou chamarisco. As sequências de movimentos corporais, os taulous / katis, cujo gesto e a intenção incorporam-se no praticante à medida de sua repetição, constitui a base pedagógica do Kung Fu. Lembro-me ainda da recomendação de Mestre Chan Kowk Wai para a boa execução de um kati: repeti-lo mil vezes! No texto, entretanto, repetição e diferença também encarnam a escrita do autor. No diálogo franco e elíptico que ele estabelece com a própria escrita, a certa altura, ela é invocada a sujeitá-lo, através da autonomia gradualmente conquistada pela interpretação e imaginação de seus leitores/as. Estes/as, por sua vez, são provocados/as a desacomodarem-se de uma leitura sedentária, experimentando movimentos corpóreos que guiam as práticas cotidianas de academias, sem os quais nenhum conhecimento de artes marciais seria possível. É assim que a pessoa que lê é suscitada a executar o gesto estético e ético com o qual se inicia, ritualmente, cada sessão de treino de Kung Fu: o movimento de encontro da mão direita cerrada (cheia) com a esquerda aberta (vazia), numa figuração simbólica do Yin - Yang. Outra provocação que arranca o/a leitor/a da passividade é convite à conscientização teórico-prática da “arte de respirar” que, conforme ressalta o autor, incita a mente a “pensar como o corpo, não o contrário”, como faz a tradição racionalista da educação ocidental. Da “arte de calejar”, do esforço intelectual da pesquisa, da abdicação de Verdades absolutas - que riscariam de projetar o Kung Fu como panaceia universal - o autor vai expondo suas dores e desvelando uma cartografia da “construção de si”. Ela passa, inevitavelmente, por desconstruções e reconstruções a que Jorge se entrega, acompanhando movimentos, perseguindo a produção da diferença e investindo na multiplicidade conceitual e estética. Grafias heterogêneas e sensíveis povoam este livro: do texto epistolar ao sketch, das práticas corporais interativas propostas a estudantes de graduação a seu registro fotográfico, até as imagens dos livros de artista ofertadas pelos alunos/as. Os ambientes educacionais tomados como universo de investigação são, portanto, a academia de artes marciais e a sala de aula da graduação em Design do IFSul, onde realizou seu estágio acadêmico. Mas, ao tramar as experiências relacionais nestes dois ambientes, vai transformando-os, interconectando técnica e estética, arte e filosofia, diferença e repetição, num movimento de desterritorialização e reterritorialização criativo de um novo elemento, numa relação similar à imagem do Eterno Retorno nietizschiano. No esforço de correspondência entre estes dois ambientes educacionais, entre colegas, acadêmicos e professores, entre os/as leitores/as e a sua escrita e ainda entre espécies companheiras (vide interlocução com seu felino no processo de pesquisa), Garcia lança mão da “lupa do sensível” como meio incontornável de experimentação do corpo enquanto potência de devir. Tal como Donna Haraway (2016), que não entende humanidade como espécie pretensamente superior às demais, mas como húmus de um devir-com que requer (respons)habilidades, Jorge encaminha sua conclusão esboçando um “Manifesto pela Educação”, em que clama pela necessidade de “adubar” sementes de produção da diferença na repetição. Nesse sentido, converge também com a perspectiva de educação defendida por Tim Ingold (2020), para quem educar não se limita a um método de transmissão, mas a uma “prática de atenção”, um modo de estar no mundo, de cuidar de si, dos outros e do ambiente em que habitamos. Neste emaranhado de ambientes, corpos e conceitos, esta obra não incitará somente a leitura, mas também uma prática de correspondências e experiências sensíveis e pulsantes, que se expandem e se contraem, como ensina o Tao, num fluxo constante, próprio da vida. Referências bibliográficas HARAWAY, Donna. Antropoceno, Capitaloceno, Plantationoceno, Chthuluceno: fazendo parentes. ClimaCom Cultura Científica - pesquisa, jornalismo e arte. Ano 3, N. 5, Abril de 2016. INGOLD, Tim. Antropologia e/como Educação. Petrópolis/RJ: Vozes, 2020.pt_BR
Idioma: dc.language.isopt_BRpt_BR
Palavras-chave: dc.subjectKung fupt_BR
Palavras-chave: dc.subjectEducaçãopt_BR
Título: dc.titleExperimentações, kung fu e produção de diferença e repetição em educação (Atena Editora)pt_BR
Tipo de arquivo: dc.typelivro digitalpt_BR
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