Uma tradição de fé para a dignidade humana

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Autor(es): dc.contributorInstituto Bíblico Ebenézerpt_BR
Autor(es): dc.contributor.authorVieira, Samuel-
Data de aceite: dc.date.accessioned2021-09-20T02:48:13Z-
Data de disponibilização: dc.date.available2021-09-20T02:48:13Z-
Data de envio: dc.date.issued2021-06-
Fonte: dc.identifier.urihttp://educapes.capes.gov.br/handle/capes/602970-
Resumo: dc.description.abstractO movimento pentecostal ou pneumatológico com relatos de movimentos do Espírito sem discriminação - homens e mulheres, judeus e gentios, sem distinção étnica - baseado em Atos dos Apóstolos 2, 10 e 19 tem mais de um século de atuação em solo brasileiro através da Igreja Evangélica Assembleia de Deus a partir de 1911 com Daniel Berg e Gunnar Vigren. Sobre este movimento que se tornou uma tradição a partir da institucionalização centenária Silva Neto (2020) afirma: Após um século do movimento pentecostal assembleiano brasileiro, a mensagem e a experiência pneumatológica continuam intactas, fazendo do movimento pentecostal brasileiro o maior do mundo e de uma tradição de acolhida, onde o rico, pobre, analfabeto, negro, nordestino, a mulher, a mãe solteira, o ébrio e os excluídos da sociedade, foram acolhidos e experimentaram do poder pentecostal, tendo suas vidas transformadas. Prates e Garbin (2017, p.23) conferem “a conversão das gerações antecessoras como responsáveis tanto pelo crescimento do bairro como da igreja”. Ou seja, as igrejas pentecostais não beneficiam apenas a própria instituição, mas a sociedade ao redor. Esse movimento da Assembleia de Deus é um traço da primeira onda do pentecostalismo no Brasil, com ideias em missiologia, crescimento e alargamento social, gerando em todo o converso o potencial para obreiro, o que ajuda o expresso ingresso nas distintas camadas sociais. A Igreja Assembleia de Deus no Brasil excede o seu horizonte da função religiosa quando procria apoio social: uma sequência de influência recíproca através de reuniões organizadas que determinam uniões de amizade e de informação, arrecadando apoio material, emocional, afetivo, que inclusive coopera para o bem-estar, com papel protagonista na prevenção de doenças e na manutenção da saúde pública (ROCHA; GUIMARÂES; CUNHA, 2012, p. 180). A tradição pentecostal tem especificidade para lidar com o sofrimento das populações das periferias urbanas, fato que opera como um de seus principais diferenciais, gerando impactos importantes no campo religioso contemporâneo. Os pentecostais sabem lidar com o sofrimento em contextos de estados pobres e desigualdade - tem o interesse pela população classificada como escória, ou ainda, pessoas desprezíveis da sociedade (MACHADO, 2014, p. 161). O cristianismo tem uma relação comportamental diante da sociedade, cognominada Ética Cristã – que evidencia a nossa visão de mundo a partir do Senhor Jesus Cristo. Os assembleianos têm a concepção da formação de um povo eleito por Deus para viver essencialmente de acordo com a Palavra e por intermédio da fé comprovada na morte de Jesus Cristo aquiescem a possibilidade de salvação. Sendo assim, são zelosos em se distinguirem do ponto de vista comportamental de hábitos considerados distantes dos preceitos bíblicos (PRATES; GARBIN, 2017, p. 17). [...] a estrutura e a mensagem evangelística escatológica do pentecostalismo assembleiano, pautou primeiramente na salvação e depois na santidade construída a partir de uma vida de temor e simplicidade do evangelho, resultando na manifestação do Espírito Santo através do batismo e dos dons espirituais. (SILVA NETO, 2020, Instituto Bíblico Ebenézer, p. 5). Existe uma coerência da cosmovisão da igreja e as questões de cidadania. A Assembleia de Deus é observada como uma instituição de membros respeitáveis, o que confere dignidade individual aos membros. Partilhar dessa dignidade e respeito é um desejo de muitos que ainda não foram alcançados (ROCHA; GUIMARÂES; CUNHA, 2012, p. 182). Minha vida é assim, é tão difícil suportar, Vivo nos becos das favelas portando pistolas e fuzis. Há quanto tempo que eu não sei o que é dormir. Escravo da droga tendo que fugir para viver E que me esconder pra não morrer, minha vida é assim. Não suporto mais ver minha mãe chorando em desespero, Aguardando a qualquer momento a notícia que eu morri. Preenche o vazio que existe no meu coração, Arrebenta as grades da prisão, me tira daqui. […] Apenas um jovem tendo que suportar tamanho preconceito, A sociedade diz que já não tem mais jeito pra mim. Eu não tenho paz, não tenho alegria. A palavra tristeza resume minha vida Onde deixei o meu coração. Minha esperança foi levada pelo vento E com ela foram juntos os meus sentimentos. Eu preciso de alguém que me estenda à mão. Guerreiro do tráfico, pra muitos eu não passo de um viciado, Sei que roubo, sei que às vezes até durmo armado, Mas sei que Deus tem outra opção. O sonho da minha vida é poder um dia construir uma família E poder andar de cabeça erguida, ser tratado como cidadão. (Canção intitulada Página em branco, interpretada por Elaine Martins.) É sabido que a igreja se tornou, para os desconhecidos que caminham pelos espaços da cidade, o lugar onde sua existência é reconhecida, sem necessidade instantânea de se autenticar o direito de estar lá. Há acolhida, fraternidade e tratamento digno e idêntico - o que se doa e se recebe vai além de objetos (PRATES; GARBIN, 2017, p. 13). Em diversas ocasiões esses homens redimidos sobem ao púlpito, convocados pelos líderes da igreja, e testemunham sobre suas histórias de vida: contam sobre sua infância, sua família, o momento em que se “perderam” no crime, as tentações do mundo, o dinheiro, as mulheres, os tiros recebidos, as crueldades cometidas, a fama e o poder alcançados, as drogas, até por fim chegarem a uma situação crítica, o “fundo do poço”, a “quase morte”, e serem resgatados pela igreja que os ofereceu acolhida e cuidado. (MACHADO, 2014, p. 164). Os vulneráveis escolhem a igreja como único recurso para sua recuperação em dignidade por diferentes fatores: a possibilidade de associar-se a um grupo respeitado por eles e pela comunidade onde vivem, a garantia de sobrevivência, resiliência social, ressignificação de existência, apoio familiar que percebe na atuação eclesiástica uma saída, o acréscimo da autoestima vinculado ao descobrimento de suas potencialidades e a valorização que recebe de sua comunidade (ROCHA; GUIMARÂES; CUNHA, 2012, p. 187). Bibliografia BÍBLIA. Português. A Bíblia do Culto: O Antigo e o Novo Testamento. Edição com letras vermelhas revista e corrigida 1997. Santo André: Geográfica Editora, 2015. MACHADO, Carly Barboza. PENTECOSTALISMO E O SOFRIMENTO DO (EX-) BANDIDO: TESTEMUNHOS, MEDIAÇÕES, MODOS DE SUBJETIVAÇÃO E PROJETOS DE CIDADANIA NAS PERIFERIAS. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 20, n. 42, p. 153-180, Jul/dez 2014. PRATES, Daniela Medeiros de Azevedo; GARBIN, Elisabete Maria. CULTURAS JUVENIS ASSEMBLEIANAS. Educação em Revista, Belo Horizonte, ano 2017, v. 33, n. e164623, p. 1-27, 2017. ROCHA, Mary Lança Alves da; GUIMARÃES, Maria Beatriz Lisboa; CUNHA, Marize Bastos da. O processo de recuperação do uso indevido de drogas em igrejas pentecostais Assembleia de Deus. Interface – COMUNICAÇÃO SAÚDE EDUCAÇÃO, [s. l.], v. 16, ed. 40, p. 177-90, Jan/Mar 2012. SILVA NETO, Luiz Guatura da. Origem do Movimento Pentecostal Brasileiro. O Semeador, Rio de Janeiro, ano LX, n. 602, dez. 2020. Instituto Bíblico Ebenézer, p. 5.pt_BR
Idioma: dc.language.isopt_BRpt_BR
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Licença: dc.rights.urihttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0/br/*
Título: dc.titleUma tradição de fé para a dignidade humanapt_BR
Tipo de arquivo: dc.typetextopt_BR
Curso: dc.subject.courseTeologiapt_BR
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