Comunicação e educação: perspectivas e transformações na era digital

Abstract

Grandes fatos, como guerras, revoluções e invenções tecnológicas, são considerados vetores de aceleração da História. Pequenos vírus, microscópicos, como o novo coronavírus, também passaram a reivindicar esse espaço. Décadas de discussão sobre a viabilidade da implementação da Educação a Distância acabam de ser suplantadas, em questão de semanas, pela adoção do Ensino Remoto Emergencial, em todos os níveis de ensino. O livro "Comunicação e educação: perspectivas e transformações na era digital" nasce sob o signo da pandemia do novo coronavírus, consequentemente, no curso de todos os desafios impostos pela necessidade de distanciamento social, que ajudaram a reconfigurar, dentro de uma urgência jamais vista, as formas de comunicação, interação, trabalho, lazer e as atividades de ensino e aprendizagem no Brasil e no mundo. A obra organizada por Marina Magalhães, Ivo Batista Conde, Nathalia Bezerra da Silva Ferreira e Leonardo Pereira Tavares reúne 19 capítulos elaborados, antes e durante a pandemia, por graduandos, mestres e doutores acerca da interseção entre Comunicação e Educação, dentro e fora dos ambientes digitais, nos espaços formais e não formais de educação. Os trabalhos da primeira seção estão divididos em quatro partes: 1) “Educomunicação”; 2) “Educação, interação e inclusão”; 3) “O comum digital”, e 4) “Tecnologias digitais e sala de aula”. A primeira parte, “Educomunicação”, é composta por cinco textos que trazem contribuições acerca do campo, das suas áreas de intervenção e aplicações práticas em espaços formais e não formais de educação. A começar pelo Capítulo 1, intitulado “Caminhos à educomunicação: por uma educação em direitos humanos através da extensão universitária”, de autoria de Thiago Trindade de Almeida, Emerson da Silva Mendes e Carolina Bessa Ferreira de Oliveira, que analisa as ações vinculadas ao Programa Permanente de Extensão em Direitos Humanos (PExDH) e conduzidas por docentes e discentes da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). No Capítulo 2, “As influências sociais do esporte para a juventude: reflexões acerca da cidadania e da inclusão social no Centro Urbano de Cultura, Arte, Ciência e Esporte”, Rebeca Marques de Melo investiga a função social esportiva a partir das suas três dimensões: educacional, de participação e rendimento. Já no Capítulo 3, “Uso de mídia de entretenimento no ensino de Ciências”, Marcio Alexandre Sivinski e Luciana Fofonka buscam estratégias de ensino criativas e de fácil assimilação de conteúdo como alternativas para o educador da disciplina de Educação Ambiental. Na mesma direção, no Capítulo 4, “A importância da ludicidade para o ensino da Educação Ambiental em ambientes não escolares”, Cinthia Lima de Queiroz, Jakson Veras da Silva e Ivanilton Ferreira refletem a questão a partir de um estudo de campo realizado no município de Igarapé-Açu/PA. No texto, os autores apontam as contribuições socio-educacionais e culturais para crianças, adolescentes e adultos por meio de ações que norteiam a educação ambiental. No Capítulo 5, “Incitando os alunos a argumentarem e analisarem através de ferramentas de metodologias ativas: o júri simulado”, Wanderson Diego Gomes Ferreira e Giordan Silva de Oliveira propõem um novo olhar metodológico para aprimorar os procedimentos utilizados para envolver os alunos no ensino e na aprendizagem. O objetivo da experiência é diminuir o distanciamento típico do caráter formal da sala de aula convencional. “Educação, interação e inclusão” é o tema da segunda parte deste livro, que integra mais três capítulos, a começar pelo Capítulo 6, “Ensino adaptativo – Estudo de caso”, de Charles Henrique Leal Vieira. O estudo aborda o ensino adaptativo na perspectiva da promoção do uso das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) em função das necessidades dos alunos através da interação. O Capítulo 7, “O transtorno do espectro autista e a educação especial/inclusiva”, de autoria de Everton Simões de Oliveira e Diego da Silva, reflete sobre o transtorno na fase escolar, evidenciando as contribuições da Educação Especial e Inclusiva, seus conceitos, características, diferenças e benefícios para uma educação emancipadora e transformadora. Kariny Mery Araujo Cunha e Michelle de Moraes Brito assinam o Capítulo 8, intitulado “Mapeamento das publicações de eventos nacionais da área de ensino de Ciências: enfoque na Educação Inclusiva de alunos com deficiência visual”, que encerra a segunda parte do livro. O texto apresenta uma pesquisa realizada com o objetivo de conhecer as principais linhas de investigação exploradas por pesquisadores sobre o tema da deficiência visual no ensino de Ciências, com vistas ao seu estudo e caracterização. A terceira parte deste livro traz três contribuições na dimensão do tema “O comum digital”. No capítulo 9, intitulado “A questão da alteridade no ambiente digital a partir do pensamento de Lévinas”, os autores Louis Marie Ndomo Edoa e Carlos Eduardo Souza Aguiar abordam a realização da alteridade nos meios digitais de comunicação a partir das reflexões do filósofo francês e do diálogo com outros autores. Já no Capítulo 10, “Comunidades eclesiais digitais, nova modalidade de viver a fé?”, Louis Marie Ndomo Edoa trata da readaptação das formas de religiosidade e da aproximação entre o sagrado e o humano no ambiente digital. No Capítulo 11, “Registro de expressões idiomáticas em dicionário eletrônico”, Melissa Heberle Diedrich aborda o comum na esfera linguística, observando como se dá o registro das locuções em dicionários gerais de língua. Por fim, a quarta e última parte desta seção, “Tecnologias digitais e sala de aula”, traz seis capítulos que abordam o tema em áreas distintas de educação. No Capítulo 12, “Percepções de docentes quanto à usabilidade da Informática na sala de aula”, Viviane Pereira Bernardino e Ivo Batista Conde investigam as formas de utilização da informática na educação, como ferramenta alternativa e auxiliadora no processo ensinoaprendizagem. A pesquisa é desenvolvida junto a 15 docentes de uma escola pública localizada no município de Jaguaribe, Estado do Ceará. Já no Capítulo 13, “Alternativas e aplicações de softwares gratuitos como recurso de apoio na digitalização do ensino de Engenharia Química”, Henrique Gasparetto busca identificar diferentes softwares de uso totalmente livre, ou educacional livre, como opções facilitadoras do ensino para estudantes e professores da área. No Capítulo 14, “O cenário das licenciaturas em Química EAD e Presencial no Brasil (2020)”, Dylan Ávila Alves e Nyuara Araújo da Silva Mesquita relatam uma pesquisa exploratória nas plataformas e-MEC e SisUAB, na qual foram utilizados descritores de cursos de Química na modalidade licenciatura. No Capítulo 15, “Ensino de Matemática em tempos de pandemia: um relato sobre o uso dos recursos tecnológicos”, Amanda Cristine Lopes Marques e Cláudia de Oliveira Lozada abordam a vivência nas aulas da disciplina no 5º ano do Ensino Fundamental, relatando as práticas docentes, as inquietudes e os dilemas enfrentados na condução do processo de ensino-aprendizagem. No mesmo sentido, o Capítulo 16, que encerra o livro, trata sobre “Educação e transformação na era digital: relatos de professores sobre o ensino remoto de Matemática durante o isolamento social”. O texto, assinado por Cryslãne de Araújo Lima, Ewellyn Amâncio Araújo Barbosa, Lucas de Morais Carlos, Marcos Lucas da Silva Oliveira, Sidney Leandro da Silva Viana e Cláudia de Oliveira Lozada, resulta de relatos de experiência a partir da ação de professores alagoanos durante o isolamento social recomendado pela Organização Mundial da Saúde, como medida de prevenção contra a disseminação do vírus da COVID-19 em 2020. O Capítulo 17, que encerra a seção, assinado por Bruna Beatriz da Rocha, Daniela Aparecida de Melo Costa, Gustavo Ferreira Quintão, Márcio José Rodrigues da Silva, Mariana da Costa Teles e Rebeca Freitas Ivanicska, intitulado “Tecnologias digitais na educação: reflexões sobre os desafios do uso das TICS na pandemia”, analisa o contexto histórico e contemporâneo da tecnologia associada à educação e contribui com discussões acerca da educação a distância e ensino remoto. A seção especial “Arte, literatura e pensamento: interseções e divergências entre mundos criativos”, assinada por Nathalia Bezerra da Silva Ferreira, Verônica Maria de Araújo Pontes e Caio César Costa Santos, analisa a presença feminina em contos de fadas e demonstra as relações que a linguagem exerce com o mundo e como o mundo “capta” este teor da linguagem. O mosaico de temas aqui exposto representa um recorte temporal das reconfigurações das experiências educomunicativas, as quais já vivenciavam mudanças ao longo do processo de digitalização da nossa cultura. Com o advento da pandemia em curso, alguns dos estudos refletem também sobre as questões de última ordem, levando em conta as perspectivas e transformações do novo normal digital.