Contestando as fronteiras de gênero, raça e sexualidade na sociedade brasileira

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Autor(es): dc.contributor.authorSampaio, Fabrício de Sousa-
Autor(es): dc.contributor.authorTavares, Leonardo Pereira-
Data de aceite: dc.date.accessioned2021-09-04T20:30:53Z-
Data de disponibilização: dc.date.available2021-09-04T20:30:53Z-
Data de envio: dc.date.issued2020-12-30-
identificador: dc.identifier.otherContestando as fronteiras de gênero, raça e sexualidade na sociedade brasileirapt_BR
Fonte: dc.identifier.urihttp://educapes.capes.gov.br/handle/capes/602560-
Resumo: dc.description.abstractGeralmente, a sociedade desigual brasileira é considerada racista, classista, homofóbica, machista e sexista, ou melhor, heterossexista. Estes predicados sociais, além de outros que podem ser citados, são frequentemente confirmados pelos altos índices de violência que se reproduzem cotidianamente nos mais diversos espaços de sociabilidade e vitimizam determinados corpos banidos historicamente para a inferiorização, coisificação ou para o status de semi-humanidade. Em especial, corpos pretos, trabalhadore(a)s pobres e dissidentes da heteronormatividade parecem (re) existir em um cenário que regularmente precariza as condições materiais de suas persistências. Este livro fala de gênero, sexualidade e raça de maneira interseccional. Sublinha os diferentes processos socioculturais em que estes marcadores são acionados e entrecruzados para possibilitar ou inviabilizar a persistência dos corpos humanos em determinados contextos socioculturais tais como a escola, o convívio familiar, os presídios e as mídias digitais. No cenário social contemporâneo, especialmente brasileiro, observamos uma movimentação de grupos conservadores1 , notadamente de fundamentalistas religiosos e/ou neofascistas, que buscam produzir uma desqualificação e/ou pânico social em relação às discussões de gênero e sexualidade, fundamentalmente nos espaços escolares. Neste contexto, a categoria analítica gênero é acusada como articuladora de um processo de destruição da ordem social vigente marcada pela desigualdade de gênero e sexual que se expressa principalmente nas violências perpetradas contra todas as dissidências da heteronormatividade. Assim, tratar da sexualidade dos corpos humanos, principalmente nas escolas, representaria uma estratégia de grupos sociais “contra a família” e “contra Deus” para homossexualizar as crianças e os adolescentes. A concepção de gênero e de sexualidade acionada por estes grupos é comumente denominada de essencialista na literatura especializada. Gênero e sexualidade são interpretados como marcas expressivas dos corpos humanos essencialmente definidos pela existência de dois sexos opostos. A filósofa Judith Butler (2010) em sua obra Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade, desconstrói essas concepções essencialistas utilizando os conceitos de “gênero inteligível” e “matriz heterossexual”. Para Butler, as normas de gênero exigiria o enquadramento dos sujeitos em dois percursos subjetivos oposicionais: de um lado, os corpos biologicamente machos deveriam assumir uma performance masculina padrão e desejarem sexual e afetivamente as mulheres; e de outro, os corpos biologicamente fêmeas, deveriam assumir uma performance feminina universal e desejarem sexual e afetivamente os homens. Nestes esquemas de inteligibilidade binária dos sujeitos, a heterossexualidade seria a única sexualidade possível, universal, aceitável e saudável. Quanto mais os corpos escapassem, por algum momento, destes percursos, mais seriam alvos de políticas culturais de opressão, adaptação, controle ou eliminação: homofobia e lgbtfobia, feminicídio, misoginia, efeminofobia e machismo. Ao tratarmos destas políticas de mitigação dos escapes corporais da heteronorma, o marcador raça potencializa ou até mesmo lidera as violências que tais políticas sociais produzem. Uma mulher preta lésbica, por exemplo, representaria uma corporalidade mais vulnerável no Brasil do que uma lésbica branca. A utilização da categoria interssecionalidade permite compreender estas políticas fundamentadas por um entrecruzamento de marcadores sociais – por exemplo, gênero, sexualidade, etnia, raça, classe social, nacionalidade, geração e religiosidade – que atuam para maximizar a opressão e a violência a determinados “corpos-alvo”. Esta obra se movimenta em uma perspectiva construtivista e desconstrutivista de gênero e concebe a sexualidade para além de sua dimensão normativa que impossibilita a existência e o reconhecimento das possibilidades e materializações sexuais diferentes. Ela também identifica o marcador raça como estruturante das violências e das desigualdades reproduzidas socialmente contra os corpos generificados e sexuados. A partir desses elementos constituintes, este livro pode ser considerado como um “livro-resistência”, devido aos recentes acontecimentos sociais, no Brasil e no mundo. Os primeiros textos deste livro tematizam o racismo, a desigualdade de gênero, a violência doméstica e a resistência dos corpos em determinados espaços de sociabilidade. Em seguida, as normas de gênero e de sexualidade são analisadas em contextos escolares em uma perspectiva da diversidade e do respeito, principalmente para os corpos que sofrem violências múltiplas e não são acolhidos em suas corporalidades dissidentes da heteronorma. A perspectiva desconstrutivista de gênero e da sexualidade é tematizada em artigos que tratam do cinema, visibilidade das pessoas negras e da transexualidade. E, nos últimos capítulos, questões relacionadas aos processos de subjetivação da sexualidade, privação da liberdade, encarceramento, direitos humanos e a resistência dos movimentos sociais, retomam a problematização das contestações normativas da intersecção entre gênero, sexualidade e raça. Este livro objetiva discutir as principais questões sociais do mundo contemporâneo relacionadas ao gênero, à sexualidade e à raça. E, desta maneira, se encaixa em um processo persistente de resistir, em qualquer lugar de fala possível, aos dispositivos sociais que normalizam e até celebram, rotineiramente, as desigualdades, as opressões e as violências contra estes corpos dissidentes pretos, femininos e LGBTQIA+.pt_BR
Tamanho: dc.format.extent3.603pt_BR
Tipo de arquivo: dc.format.mimetypePDFpt_BR
Idioma: dc.language.isopt_BRpt_BR
Direitos: dc.rightsAttribution 3.0 Brazil*
Licença: dc.rights.urihttp://creativecommons.org/licenses/by/3.0/br/*
Palavras-chave: dc.subjectIdentidade de gêneropt_BR
Palavras-chave: dc.subjectRaçapt_BR
Palavras-chave: dc.subjectSexualidadept_BR
Título: dc.titleContestando as fronteiras de gênero, raça e sexualidade na sociedade brasileirapt_BR
Tipo de arquivo: dc.typelivro digitalpt_BR
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