Múltiplos olhares no ensino da temática indígena: história e cultura Guarani na educação básica

Abstract

A presente dissertação de mestrado foi realizada com o intuito de construir o e-book Kyringuei’kuery, direcionado às séries iniciais de escolas não indígenas, com objetivo de colaborar na troca de saberes através da construção de pontes interculturais entre crianças não indígenas e crianças indígenas guarani. Para alcançar o resultado final, com o propósito de inverter a lógica de um projeto colonial de alcance global que reverbera na atualidade, utilizou- se de autores guarani para o desenvolvimento do livro pedagógico e desse trabalho. Buscou-se, em um primeiro momento, conhecer e aprender com os saberes Guarani, para realizar, de fato um processo construtivo e significativo de troca de conhecimento. Em seguida, mostrou-se necessário compreender de que forma se deu a consolidação da colonialidade do saber, do poder e do ser e quais suas relações com as histórias das populações autóctones, bem como as consequências. Por fim, com o intuito de constatar equívocos relacionados à forma como os povos indígenas são vistos nos materiais didáticos utilizados na educação básica, para construir um e-book que pudesse trazer conhecimento e cultura Guarani e, ao mesmo tempo, desconstruir estereótipos e generalizações, foi feita uma análise acerca dos lugares reservados às populações indígenas nos livros didáticos utilizados na educação básica, de escolas públicas e particulares da Grande Florianópolis. Realizou-se uma reflexão sobre os conteúdos abordados em três coleções didáticas a fim de verificar se a abordagem contempla a legislação educacional (Lei 11.645/08 e Diretrizes Operacionais para a Implementação da História e das Culturas dos Povos Indígenas na Educação Básica, de abril de 2016) ou consolida ideias estereotipadas e generalizantes sobre os povos nativos, sob uma perspectiva europeia e cristã. O trabalho também dialoga com autores do campo da Nova História Indígena e do ensino de História Indígena, tais como John Manuel Monteiro e Circe Bittencourt, bem como com intelectuais indígenas como Gersem Baniwa, Edson Kayapó, Casé Angatu e Davi Kopenawa, além de se utilizar da perspectiva teórica decolonial.