A ABORDAGEM DO POVO NEGRO UTILIZADA NOS LIVROS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA DA REDE SALESIANA DE ESCOLAS

Abstract

A produção de materiais didáticos para o ensino fundamental tem sido cada vez mais aperfeiçoada. Nota-se diversos esforços para compreensão da história dos africanos e afro-brasileiros como agentes históricos ativos. Assim sendo, o objetivo desta pesquisa foi analisar a abordagem do negro no livro didático de História, do 7° ano, do ensino fundamental da Rede Salesiana Brasil de Escolas (RSB-Escolas). Esta pesquisa foi desenvolvida com base na Lei 10.639/03. Foi realizada uma análise dos textos e imagens dos livros didáticos da editora Edebê, incluindo o Manual do Professor. Os pressupostos teórico-metodológicos da Análise de Conteúdo (AC) foram feitos, segundo Núcia Santoro, à luz de Laurence Bardin, que define o que são as técnicas para ler e interpretar conteúdos. Houve um embasamento nos conceitos de Choppin (2002), Rüsen (2011) e Bittencourt (2008), que possibilitaram diálogos sobre o livro didático. Munanga (2005), Joly (1999) e Muller (2009) foram referenciados no aporte teórico para a representação social do negro nos manuais didáticos. Buscou-se mapear situações em que o negro era incluído, ou não, nos espaços escolares por meio da legislação. Por fim, analisamos o conteúdo para tratar a informação a partir de um roteiro específico, por meio de uma pré-análise. O propósito dessa análise, como todo, é favorecer a valorização da identidade, da história e da cultura dos(as) negros(as) brasileiros(as) e africanos(as) nas novas edições de livros didáticos, pela ampliação do foco dos currículos escolares para a realidade plurirracial e cultural da sociedade brasileira. Foi possível observar que a disciplina de História, nas escolas do Brasil, passou por vários avanços, até sua obrigatoriedade, e que a figura do negro memorava a servidão e escravidão como raça inferior à dos seus colonizadores. Isso foi mostrado pelas imagens e textos que retratam o sofrimento desses povos, que por vezes reflete preconceito nos próprios alunos. Vale lembrar que o brasileiro possui forte influência positiva da cultura africana até os dias atuais. A interpretação da figura do negro nos livros didáticos precisa melhorar no sentido de valorizar sua cultura. Algumas figuras necessitam do intermédio do professor para sua correta interpretação, muitas vezes descrita no manual do professor. Foi desenvolvida toda a interpretação do conteúdo e feito o produto final, um e-book complementar (online e gratuito) trazendo uma informação mais completa sobre alguns povos africanos, com a finalidade de apontar a existência da diversidade de povos com culturas complexas e diferenciadas na África, que mostra não só a escravidão sofrida por esses povos no passado.