Proposta de estudo sobre o racismo na escola: entre o grito dos maus e o silêncio dos bons

Abstract

Racismo estrutural é um grave problema presente na sociedade brasileira. O preconceito racial e a marginalização sofridos pelo negro repercutem em diversas instituições que integram a vida social no país, entre elas a Escola. Este estudo foi construído sob a perspectiva de uma abordagem qualitativa, dentro dos parâmetros de uma revisão sistemática onde foram realizadas entrevistas com professores que atuam ou atuaram no quinto ano do Ensino Fundamental, da rede pública e particular no Brasil. As entrevistas auxiliaram na elaboração da pergunta problema do estudo e na compreensão dos dilemas vividos pelo professor em sala de aula a respeito do tema racismo. O objetivo traçado foi o de trabalhar os conceitos de longa duração no tempo histórico e espaço geográfico, a partir da análise da escravidão negra no Brasil como uma estrutura que existiu por quase 400 anos e ainda reverbera na sociedade. Teóricos como Lilia Schwarcz, Silvio Almeida e Djamila Ribeiro foram utilizados como referencial para o desenvolvimento da pesquisa. Como resultado criou-se um protótipo de aula on-line para alunos do quinto ano do Ensino Fundamental que consistiu na discussão do tema proposto a partir da análise da música Brixton, Bronx ou Baixada da banda brasileira O Rappa. Concluiu-se que, embora a sociedade tenha avançado em termos jurídicos no que diz respeito às garantias de direitos à pessoa negra, como no caso da Lei 10.639 de 2003, que tornou obrigatório o ensino de história da África e história afro-brasileira no ensino básico brasileiro; ainda pode ser observada no imaginário social uma grande influência do mito da democracia racial, elaborado por Gilberto Freyre nos anos 30 do século 20 que minimizava a violência da escravidão no país; no cotidiano, inclusive no ambiente escolar onde muitas vezes o tema não é debatido. Os autores concluem que a democracia e o estímulo ao desenvolvimento do pensamento crítico nas escolas, apresentam-se como as melhores saídas para combater esse problema, visto que sua ação pode construir uma sociedade mais representativa, justa e menos excludente.