CIDADE(S) FRAGMENTADA(S): VIDA MATERIAL E CONEXÕES SOCIAIS EM CAJAZEIRAS, PB (1876-1890)

Abstract

Neste livro apresentamos os personagens, bens e familiares que tiveram seus inventários registrados na cidade de Cajazeiras, PB bem como algumas reflexões que nos permitiram mapear e conhecer parte da cultura material daquela sociedade. Uma leitura prévia de alguns desses documentos nos permite afirmar a sua riqueza e importância para se conhecer a história da região. Há registros de inventariantes residentes em cidades do entorno de Cajazeiras; registros de posse de escravizados(as) e de disputa de escravos anteriormente doados ao falecido (mesmo se tratando de um período em que a escravização já havia sido abolida); disputas entre herdeiros que contestam a condução dos inventários (uma vez que acusam a viúva e seu novo companheiro de terem acelerado o processo para se beneficiarem na partilha); dívidas que são contestadas e fortunas que são dizimadas por elas... esses são apenas alguns dos aspectos que pudemos perceber e vislumbrar como possibilidades de inserção na sociedade Cajazeirense do final do século XIX e início do século XX. Desta forma, este livro busca trazer reflexões e servir de estímulo para as pesquisas sobre a história de Cajazeiras. Em seu primeiro capítulo, Ayrle Alves de Figueiredo apresenta as potencialidades e os limites de pesquisa com os inventários post-mortem. A autora discute as definições em torno desta fonte, possibilidades metodológicas e, sobretudo, as escolhas feitas pelo grupo de pesquisa no trabalho com essa fonte. As discussões e análises realizadas com a documentação, nos levaram a perceber aspectos da vida em Cajazeiras que ganharam importância para a construção da sua história. Nesse sentido, entender o desenvolvimento urbano vivenciado em Cajazeiras pressupõe uma estreita discussão sobre o seu desenvolvimento econômico. A crescente produção algodoeira, o comércio com outras praças emergem como preocupações da pesquisadora Ana Victória de Medeiros Oliveira e compõem o segundo capítulo desta coletânea. Os desafios de trabalho com inventários e outras fontes manuscritas são imensos e vão desde o estado de manutenção das fontes ao entendimento da grafia e das regras de escrita características do final do século XIX no Brasil. Neste sentido, o pesquisador Everson Moura da Silva apresenta no terceiro capítulo deste livro uma discussão sobre a paleografia e as suas contribuições para a análise, leitura e entendimento da fonte manuscrita. Os resultados de algumas análises empreendidas são apresentados no quarto capítulo desta coletânea produzido pela pesquisadora Hava Mariana de Oliveira Santana. Aqui, a metodologia do trabalho de pesquisa, bem como o diálogo com outros pesquisadores foi de fundamental importância para o processo de educação do nosso olhar e o nosso amadurecimento na relação com as fontes. Apresenta também um registro dos processos já catalogados e analisados pelo grupo de pesquisa. Que a viagem por essas páginas os inebrie e os instigue a conhecer mais essa cidade do sertão paraibano!!