Homossexualidade e discurso docente no contexto da educação profissional e tecnológica

Abstract

Este trabalho possui como mote a questão homossexual na contemporaneidade (ERIBON, 2008), principalmente levando-se em conta sua especificidade na intersecção com a seara educacional. (LOURO, 2015), objetivando analisar, por meio da categoria do discurso e da análise do dispositivo da sexualidade sob ótica queer, as práticas discursivas dos docentes da formação geral e da formação técnica do Campus Itabaiana do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba. A metodologia usada é qualitativa (RICHARDSON, 1999) e, para a coleta de dados, foi utilizado o instrumental da entrevista semi-estruturada , visto que a mesma é um das mais indicadas para captar subjetividades (DUARTE, 2004). Esta análise privilegiou a elucidação de como as práticas discursivas produzem os processos de subjetivação, usando a abordagem foucaultiana (FISCHER, 2001). Saliente-se ainda que a análise do discurso efetuada possui abordagem pós-estruturalista (GIL, 2003). Ressalte-se ainda que tanto para transcrição das entrevistas quanto para efetuar a análise do discurso, se fez necessário mobilizar conceitos e procedimentos para a construção de um dispositivo analítico (ORLANDI, 2009). Assim, o referencial teórico usado neste trabalho é o emanado da teoria queer (GAMSON, 2006) imbricado ao dispositivo de sexualidade foucaultiano relativo à homossexualidade (LEON, 2010). Após a transcrição das entrevistas, foram determinadas as categorias de acordo com as questões de interesse, a saber: existência da temática da homossexualidade na prática docente, abordagem científica da homossexualidade enquanto conteúdo, e homossexualidade e preconceito no ambiente escolar. As análises apontaram diferenças consideráveis entre as práticas discursivas dos professores da formação geral e da formação técnica, resultando em uma invisibilização da discussão acerca da homossexualidade entre os docentes da formação técnica e da desnecessidade desta discussão para os mesmos, ocorrendo resistências mesmo se a abordagem for de cunho científico. As análises também apontaram que ciências humanas, na maioria das vezes, é que são encarregadas de tratar da temática, porém, ainda existe, tanto entre os pares quanto em outros membros da comunidade escolar na abordagem da questão, a indicação de que, mesmo entre outras questões consideradas polêmicas, a resistência à abordagem da homossexualidade, ainda que sob o viés científico, é mais aquilatada.