Pelos cortes uma expressão: um estudo sobre autolesão entre jovens estudantes

Abstract

Esta dissertação visa desenvolver uma análise sociológica sobre a autolesão entre jovens estudantes do ensino médio da EEM Maria Marina Soares no município de Guaraciaba do Norte-CE. O público-alvo são jovens estudantes, na faixa etária entre 14 e 18 anos, com comportamentos autolesivos. A pesquisa tem como objetivo analisar e compreender, à luz da perspectiva socioantropológica, a conduta autolesiva, buscando os sentidos e significados atribuídos a essa prática pelos jovens. A pesquisa foi realizada a partir de uma metodologia qualitativa, contando com as seguintes técnicas: observação participante, entrevistas semiestruturadas com roteiro de entrevistas e análise de documentos digitais, como fotografias e vídeos, fornecidos pelos interlocutores. Após a análise das respostas dos interlocutores, tivemos como resultado a percepção de que, para eles, o corpo funciona como uma espécie de diário de bordo, um mensageiro que pode servir para registrar, verbalizar e transcrever as emoções, dores e experiências do cotidiano na pele. Para efetuar os cortes, geralmente utilizam objetos pontiagudos e afiados como lâminas, vidros, agulhas, estilete e tudo que possa furar e cortar a pele para provocar dor. A parte do corpo mais alvejada são os pulsos, seguida de braços, coxas, barriga e virilha. No entanto, essa prática não tem como finalidade o suicídio, e sim sentir dor temporariamente. Percebemos que esse comportamento autodestrutivo pode estar relacionado a conflitos pessoais e familiares e a abusos sexuais sofridos por esses jovens. Dessa forma, concluímos que o fenômeno é um ato sem a intenção de suicídio, realizado para aliviar tensões, amenizar dores internas e psicológicas, suavizar o estresse, a solidão e a frustração e ainda sentir prazer.