O ENSINO DE HISTÓRIA NO BRASIL E A QUESTÃO DA DEMOCRATIZAÇÃO E O USO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS: 1997-2018 CURITIBA 2020

Abstract

Como o Ensino de História no Brasil pode contribuir no processo de democratização e uso das tecnologias digitais? Essa questão norteia os caminhos dessa investigação que se desenvolve na interface do campo do Ensino de História no Brasil e da reflexão filosófica sobre as tecnologias. O diálogo entre esses dois campos de pesquisas ocorre por meio de alguns conceitos centrais como: a emancipação de Immanuel Kant, para pensar os propósitos da prática educativa escolar em geral; o intelectual específico de Michel Foucault, para refletir a atuação dos professores-pesquisadores do Ensino de História, na transformação da escola pública em um espaço de democratização da tecnologia; a representação social de Serge Moscovici, para discutir as interpretações e as leituras realizadas pelos professores-pesquisadores da educação básica sobre as tecnologias digitais; o passado prático desenvolvido por Hayden White, para problematizar o caráter transmissivista, ainda presente, nas aulas de História na educação básica; e a intervenção da democracia na tecnologia de Andrew Feenberg percebida como um caminho possível para o reposicionamento da escola pública num espaço de reflexão e de democratização da tecnologia na sociedade brasileira. Tendo como objetivo principal a elaboração de uma proposta teórico-metodológica sobre o uso das tecnologias digitais no Ensino de História, a qual é disponibilizada num blog sobre o Ensino de História e as Tecnologias (https://ensinodehistoriaetecnologias.wordpress.com/). O público-alvo dessa proposta são os professores-pesquisadores do Ensino de História da educação básica e os graduandos de Licenciatura e Bacharelado em História. As fontes históricas são compostas por documentos oficiais sobre o Ensino de História e artigos acadêmicos que tratam da articulação entre o Ensino de História e o uso das tecnologias digitais, produzidos entre 1997 e 2018. O resultado dessa investigação demonstrou um caminho possível para o uso das tecnologias digitais no Ensino de História de forma crítica e emancipativa numa estreita relação com o projeto de intenção coletiva da escola, a fim de transformá-la num espaço de intervenção democrática na tecnologia. Além disso, apontou para novas frentes de investigação tendo como ponto de partida a reflexão da tecnologia de Feenberg, para pensar questões como: o predomínio das perspectivas instrumental e determinista de tecnologia no pensamento educacional brasileiro; as representações sociais dos professores-pesquisadores do Ensino de História sobre as tecnologias digitais e o paradoxo entre o desenvolvimento tecnológico e a precarização do trabalho docente, por exemplo.