Agroecologia em debate: memórias da semana de agroecologia do Grupo de Agroecologia Gaia - UERGS

Abstract

Esta publicação intitulada AGROECOLOGIA EM DEBATE: Memórias da Semana de Agroecologia do Grupo de Agroecologia Gaia - UERGS registra um pouco de muitas ações importantes desenvolvidas na Universidade Estadual do Rio Grande do Sul – UERGS que permeiam as temáticas Agricultura Familiar, educação do Campo, Agroecologia e Sustentabilidade. Neste contexto se faz necessário apresentar de forma breve o contexto que origina esta instituição; uma grande mobilização social expressa pela Consulta Popular/Orçamento Participativo com o apoio de 495 municípios gaúchos. Sob a coordenação do então Governador Olívio Dutra, Gestão 1999/2002 e que contou com uma imensa mobilização dos Movimentos Sociais e Organizações Populares do Campo. A UERGS é uma universidade que nasce com suas intencionalidades firmadas na lei de criação (Lei Nº 11.646, de 10 de Julho DE 2001) que trata de seus compromissos com o Desenvolvimento Regional Sustentável. Este momento, que resulta na criação da “universidade dos gaúchos”, tem como característica um debate muito rico que intenta dar conta das principais demandas da sociedade, em especial daquela porção da sociedade que até então estava sendo invisibilizada pelas políticas públicas e pelas instituições. Compreendemos que a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul representa muito mais que uma instituição de ensino, pesquisa e extensão, trata-se de uma Política Pública de Desenvolvimento Regional, que tem um forte compromisso com a redução das desigualdades regionais e sociais de todo o estado, a partir da construção de estratégias de desenvolvimento buscando garantir justiça social e que apresentem compromisso ético com as próximas gerações. Os debates que culminaram com a criação da universidade dos gaúchos foram tão marcados pela participação dos movimentos sociais do campo que várias organizações participaram da criação dos primeiros cursos de graduação da UERGS, para citar alguns deles: Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra – MST; o Movimento Sindical ligado à Central Única dos Trabalhadores – CUT; o Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB; o Movimento das Mulheres Trabalhadoras Rurais – MMTR; o Movimento Indígena; o Centro de Tecnologias Alternativas – CETAP, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul (FETRAF-SUL), Movimento Mulheres Camponesas, Movimento Pequenos Agricultores, FEAB – Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil. Os cursos propostos a partir de convênios já em 2001, duas turmas de Bacharelado em Desenvolvimento Rural e Gestão Agroindustrial com a FUNDEP - Fundação de Desenvolvimento, Pesquisa e extensão em Braga e duas turmas de DRGA e outra de Pedagogia com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul (FETRAFSUL ) Cruz Alta – RS e Sananduva – RS e, as turmas da Via Campesina Brasileira, através do convênio com o ITERRA – Instituto Técnico de Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária, realizam o Curso de Pedagogia para Formação de Professores em Anos Iniciais e Educação de Jovens e Adultos em Veranópolis – RS no ITERRA, formando duas turmas. Acredito que a contribuição que a UERGS ofereceu neste período através de convênio com os movimentos sociais tenha sido muito significante à medida que foram constituídas seis turmas de alunos, graduando 215 alunos, muitos oriundos de diversos estados brasileiros. Para sintetizar este trabalho foram publicados quatro livros, sendo o último1 deles sob a organização de profissionais extraordinários aos quais admiro muito pelo comprometimento com o desenvolvimento rural e a educação do campo, Prof. Doutora Conceição Paludo e do colega Mestre Vanderlei Franck Thies. Não menos importante mencionar que alguns dos profissionais que contribuíram para a realização destes cursos que ainda hoje estão na UERGS, Professor Dr. José Antônio Kroeff Schmitz, nosso atual Reitor Professor Dr. Leonardo Beroldt, assim como eu que também participei desta caminhada. A UERGS a partir do ano de 2010 quando conquista uma relativa autonomia política, consegue eleger e nomear Reitor e Diretor Regional constrói um novo Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI; e a partir deste momento a comunidade acadêmica passa a protagonizar de forma mais efetiva os rumos da instituição o que permite retomarmos o debate sobre os nossos compromissos institucionais. Abrimos um debate riquíssimo quando da construção do currículo do curso de Agronomia, dos novos cursos de pós graduação abordando temáticas sociais e ambientais e finalmente nos encorajamos a assumir um curso de graduação Bacharelado em Agroecologia. Com esta pequena revoada histórica, necessária, contextual buscou-se demonstrar que as raízes de nossa instituição junto a Agricultura Familiar de todas as matizes e organizações permanece cada vez mais forte e duradoura, isso através de inúmeras ações de ensino, pesquisa e extensão; com parcerias extraordinárias das organizações campesinas como a Escola Família Agrícola de Santa Cruz do Sul (EFASC), e instituições de pesquisa como a EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, extensão a EMATER-RS/ASCAR e outras universidades. As reflexões extraordinárias que aconteceram durante a Semana da Agroecologia do Grupo Gaia denotam uma grande preocupação coletiva com respeito ao futuro de nosso planeta, com nossas comunidades e, também o firmamento de nossas responsabilidades institucionais.