Violência contra a mulher e os livros didáticos de Sociologia: uma abordagem do ponto de vista da masculinidade

Abstract

A violência contra a mulher é objeto de estudo em diversos campos das ciências humanas. Neste trabalho dissertativo, o tema apresentado é a violência contra a mulher e o ensino de Sociologia. No centro da análise está a condição da masculinidade, uma abordagem essencial para a escola e outros espaços educativos, visando à desnaturalização de concepções do senso comum de que o homem precisa ser forte, racional, viril, destemido. Tem-se a pretensão de mostrar que a questão da violência contra mulher, no contexto da masculinidade, é carente de abordagens teórico-sociológicas, por isso dá-se voz aos homens agressores, enquadrados na Lei Maria da Penha, através de pesquisa qualitativa realizada no Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS, órgão público vinculado à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, Mulher e Diversidade, da Prefeitura Municipal de Juazeiro/ BA, no ano de 2019. Compreende-se que essa é uma das formas da escola conhecer esse fenômeno social de um jeito inovador, certamente, até então, ainda não estudado. Uma das estratégias metodológicas é a consulta aos livros de Sociologia da última edição do Programa Nacional do Livro Didático – PNLD, com o objetivo de identificar quais autores abordam o tema da violência contra a mulher e se o associam à questão da masculinidade. Saffioti é uma das referências teóricas para explicar a violência contra a mulher, quando traz à tona o conceito do patriarcado, como também Connell, nos seus estudos de gênero, quando destaca o conceito da masculinidade hegemônica. Se o modelo patriarcal fornecia, já a algum tempo, referências claras e bem definidas para os homens, admitindo, inclusive, a “pedagogia da violência” nas relações familiares, Connell, Saffioti e outros autores consultados, colaboram para a compreensão de que não existe um modelo alternativo de masculinidade, pronto e acabado, em substituição ao tradicional e hierárquico. As mudanças socioculturais são históricas e acontecem mediante processos educativos. O ensino de Sociologia, valendo-se de conteúdos e recursos metodológicos adequados poderá contribuir para novas formas de sensibilidade do homem sem levá-lo a estranhamentos e cobranças da sociedade, nem a processos “vigiados” e “autovigiados” como apontou Almeida, nos seus estudos de gênero.