O ENSINO DE SOCIOLOGIA E A CULTURA ESCOLAR MILITARIZADA: Análise das Práticas de Ensino de Sociologia no Ensino Médio do CPMAV em Juazeiro-BA

Abstract

O presente trabalho se propôs a pesquisar o ensino de sociologia no ensino médio do Colégio da CPMAV em Juazeiro-Ba, com a finalidade de entender e analisar como os alunos do ensino médio do CPM percebem os conteúdos de sociologia entre estruturas militarizadas, vistas na hipótese de serem essas estruturas contraditórias ou antagônicas com o ensino de sociologia, por ser um conhecimento de natureza crítica e de reflexibilidade destinado à formação de consciência crítica, capacidade de reflexão e habilidades para o exercício da cidadania. Dentro dos objetivos, a pesquisa buscou compreender como os alunos percebem a disciplina, a cultura militarizada e supostas dificuldades em relação aos conteúdos de sociologia na realidade cotidiana; também verificar a realidade cotidiana da escola militarizada sob o viés do ensino de sociologia; e analisar documentos normatizados pelo CPMAV. A pergunta de partida buscou compreender como os alunos do ensino médio do CPM percebem os conteúdos da disciplina sociologia e como eles assimilam esses conhecimentos a partir das relações cotidianas entres as estruturas firmadas na obediência, na hierarquia e na disciplina. Fundamentada na metodologia quali-quanti, as técnicas de pesquisa para a obtenção dos resultados foram baseadas em entrevista narrativa, questionário semiestruturado e anotações sobre as observações de campo da pesquisa. O enquadramento teórico do trabalho está fundamentado nos conceitos de campo, capital, inculcação cultural e habitus de Pierre Boudieu (1930-2002) em bricolagem com Michel Foucault (1926-1984). Nesta perspectiva, a pesquisa se mostra relevante, em vista do objeto de pesquisa ser capaz de apontar novas perspectivas didático-pedagógicas para o ensino de sociologia, bem como importante referencial teórico para campo das ciências sociais. Os elementos empíricos obtidos nas observações de campo, nas entrevistas narrativas e nos questionários, dispostos no Capítulo III e nos gráficos anexos, são analisados na perspectiva teórica de Bourdieu, em sintonia com os resultados ancorados nas considerações finais, onde se confirma que campo e habitus são categorias emolduradas nos dados pesquisados, sob a clara evidência de institucionalização do processo de militarização do sistema de educação pública; também na constatação de que o ensino de sociologia na escola militarizada não reflete qualquer contradição ou antagonismo. Portanto, reforça a compreensão de que o ensino de sociologia é uma ferramenta pedagógica ancorada muito além das instituições sociais, visto sob a perspectiva de formação de consciência crítica, vez que os alunos compreendem e perceberem a natureza particular da sociologia como conhecimento de reflexão crítica e reflexiva sobre a realidade.