Representações Sociais de jovens estudantes sobre o ensino de Sociologia: reflexões acerca das relações entre juventudes, escola e o ensino de Sociologia

Abstract

A Sociologia escolar só passou a constar no currículo do Ensino Médio como componente curricular obrigatório a partir da aprovação da lei federal No 11.684/08, mas no estado da Bahia a Sociologia já era ofertada nessa etapa de ensino, na rede pública estadual desde 1998. Porém, não foram encontradas (no momento da pesquisa) publicações no nível de mestrado e doutorado que tenham investigado, na perspectiva dos estudantes, como o ensino da Sociologia se desenvolveu ao longo desses doze anos da sua obrigatoriedade no currículo do Ensino médio da Bahia. Esse trabalho parte dessa lacuna e se propõe a compreender quais representações sociais os jovens do Ensino Médio da rede pública constroem sobre o componente curricular Sociologia. Com esse propósito parte-se de uma investigação inicial para saber quem são esses jovens estudantes que frequentam o Ensino Médio e as relações que eles estabelecem com a escola, para posteriormente compreender as suas representações sociais a respeito da Sociologia escolar. Para fins dessa análise, a Teoria das Representações Sociais elaborada por Serge Moscovici serviu como base no desenvolvimento teórico-metodológico para compreensão das representações sociais dos estudantes, e foi realizada uma discussão sobre o conceito de juventudes fundamentada nas contribuições de teóricos como, Pais (1990, 2003); Mannheim (1968) contrapondo com as colocações de Bauman (2009, 2013). E autores nacionais que se debruçaram em estudos sobre a juventude ou “juventudes” brasileiras tais como (DAYRELL, 2007, 2010; CARRANO, 2008; DAYRELL; CARRANO 2013, 2014; GROPPO, 2000, 2006, 2010; SPOSITO, 1996, 2002; SPOSITO; CARRANO 2003). As técnicas utilizadas foram questionários estruturados e grupos de discussão numa complementação entre a pesquisa quantitativa e a qualitativa, em duas escolas públicas estaduais situadas na microrregião de Irecê-BA. O critério para seleção das escolas foi o seu porte (optou-se por escolas de médio e grande porte) e a formação do professor que leciona o componente curricular Sociologia. Em uma das escolas há presença de professor com formação na área e na outra escola, não. Esse critério foi utilizado para tentar identificar os fatores que possam interferir na relação dos estudantes com a Sociologia. Os sujeitos dessa pesquisa são jovens estudantes que cursaram a terceira série do Ensino Médio no ano letivo de 2019. Os resultados da pesquisa mostram que os jovens estudantes percebem que os conhecimentos da Sociologia escolar são importantes para os seus processos formativos enquanto sujeitos sociais, além de contribuir para compreensão da realidade em que vivem, e estão estritamente associados com as questões práticas cotidianas. Os resultados apontam ainda para análises importantes sobre a relevância da Sociologia como componente curricular obrigatório no Ensino Médio, assim como para a necessidade de professores com formação na área de Ciências Sociais, em um cenário de lutas e resistências.