CURSO PARA PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA_ AVALIAÇÃO PELOS PARES ONLINE COM A UTILIZAÇÃO DO SOFTWARE OPA

Abstract

Dialogando com o título do livro de Hoffman (2014) – Avaliação: Mito e Desafio -, nesta dissertação de mestrado, refletiremos sobre a avaliação em uma perspectiva histórica, examinando de que forma a Avaliação Pelos Pares Online poderá contribuir para uma prática avaliativa mais reflexiva, compreendendo essa ação pedagógica a partir de uma outra perspectiva. Vivemos em um cenário de constante transformação, acelerado sobretudo pelas ferramentas de comunicação digitais. Com a informação acessível nos mais diversos dispositivos e expressas de diferentes formas, como em vídeos, infográficos, animações etc, emergem daí novas formas de ensinar e de aprender que exigem não só novas ferramentas e metodologias de ensino, mas também, novas formas de lidar com o conhecimento e consequentemente avaliar a aprendizagem. Em um contexto educacional, a avaliação, além de cumprir seu papel formativo na vida das pessoas, deve ser um meio do professor analisar sua práxis pedagógica. Estudos apontam que nas últimas décadas o papel da avaliação tem tomado destaque de vanguarda na sociedade do conhecimento na qual a capacidade de aprender/estudar ao longo da vida (learning by doing) passaram a ser essenciais em um mundo que muda constantemente (SCHNEIDER; ROSTIROLA, 2015). Isso marca profundamente o que diz respeito ao mercado de trabalho do professor. A profissão docente é uma atividade laboral marcada essencialmente pelos processos interativos que acontecem em ambientes como a sala de aula e que obrigatoriamente devem envolver dois ou mais participantes (TARDIF; LESSARD, 2014). Ao longo do tempo essa atividade vem buscando atender às necessidades de cada sociedade em sua época. Ainda que se discuta o papel da avaliação nos dias de hoje, parece que tanto no âmbito da formação inicial, quanto no da formação continuada dos professores, o tema tem sido relegado a um segundo plano, como se o ato de avaliar fosse algo trivial, corriqueiro e desinteressante. O fato é que a atualização dos docentes em programas de formação talvez não esteja preparando os professores suficientemente para esses novos arranjos da sociedade. A formação dita continuada ou em serviço ocorre em média duas vezes ao ano nas redes de ensino, sendo em geral, no início de cada semestre letivo, junto com o planejamento e replanejamento metodológico. Nesses termos, surge a indagação: Se partirmos do pressuposto de que esses profissionais, de fato, não estão sendo preparados para essa ação pedagógica, eles serão apenas meros reprodutores de um modo de fazer que experienciaram seja enquanto alunos da Educação Básica, seja como aspirantes a docentes? A esse respeito, Cipriano Luckesi escreve: Temos a habilidade de examinar, que herdamos tanto do sistema de ensino estabelecido e praticado ao longo dos anos como da nossa prática pessoal como educandos sucessivamente submetidos às práticas examinativas dos educadores que nos acompanharam em nossa trajetória de estudantes. Hoje, como educadores, repetimos com nossos educandos o que aconteceu conosco. Nem mesmo nos perguntamos se o que aconteceu conosco em nossa história escolar foi ou não foi adequado, simplesmente repetimos esse modo de ser e de agir. Não agimos dessa forma por um desvio ético e de conduta, mas simplesmente agimos dessa forma pelo senso comum, adquirido ao longo de nossa vivência. Como estudantes, fomos examinados, agora examinamos. (LUCKESI, 2011, p. 30) Em virtude disso pensamos que seja indispensável durante a formação dos professores trabalhar tão bem a teoria e a prática de questões que envolvam os tipos de avaliação, dando destaque a avaliação formativa. Como amparo legal, existem no estado do Paraná legislações que versam sobre a avaliação da aprendizagem e rendimento escolar, dos quais são exemplos a Deliberação 007/1999 do Conselho Estadual de Educação do Paraná (CEE) e a Instrução nº 15/2017 da Superintendência da Educação. Tais documentos estão subordinados às orientações constantes na LDB/Lei nº 9394/96. É interessante notar que as leis também sofrem alterações ao longo da história, cujas mudanças são necessárias para atender às demandas da sociedade em cada tempo. O mesmo deveria ocorrer com as práticas de ensino e metodologias, no entanto, isso nem sempre acontece. Ao longo deste texto, discutiremos essas questões. Para Perrenoud (1999) os textos legislativos que regulamentam os sistemas educacionais expressam de forma clara como o professor deve ensinar, mas fazem muito pouca referência sobre como eles devem avaliar. As regulamentações esboçam, por exemplo, como fazer um arredondamento de nota, porém relegam ao professor adotar qual é o nível de excelência exigido para seus alunos ou a escolher os seus próprios critérios sobre o conteúdo da avaliação. As exigências burocráticas dos sistemas muitas vezes não permitem que o professor possa refletir sobre a sua própria prática, muito menos compreender o propósito da avaliação na aprendizagem dos alunos. Como tecnologia empregada nessa seara, pelo menos no Estado do Paraná, os professores das escolas estaduais usam o Registro de Classe Online (RCO) para lançar conteúdos, frequência e notas, fazendo isso de forma robotizada e para cumprir uma função administrativa. Entretanto não podemos pensar que a tecnologia empregada na educação deve servir apenas para registros burocráticos, pelo contrário, ela tem múltiplas possibilidades. Por isso, no que diz respeito à avaliação é importante trabalhar conceitos, técnicas e metodologias que instrumentalizem o profissional docente acerca disso. Nossa problemática se inter-relaciona com esses três elementos, acrescidas do uso da tecnologia na educação. Neste curso a tecnologia será uma aliada no processo organizativo e de coleta de informações dos cursistas, sendo potencialmente utilizada para a Avaliação pelos Pares Online utilizando o software OPA. Desta forma o curso está organizado para trabalhar esse eixo da avaliação formativa que é tão necessária na formação dos professores. O curso foi ofertado na modalidade semipresencial com carga horária de 32h, ocorreu na sede do Núcleo Regional de Educação do município de Jacarezinho, Paraná e o público-alvo foram os professores da educação básica do estado. Organizamos este curso de extensão para que os professores se apropriem dessas discussões, cujos principais objetivos são: a. Reconhecer a forma com que os professores em exercício compreendem a avaliação feita no ambiente escolar, analisando em que medida ela se aproxima e/ou se distancia dos conceitos que se tem sobre avaliação formativa ou sobre exame escolar; b. Analisar documentos orientadores da legislação do MEC e da SEED do Paraná que abordam questões específicas relacionadas às práticas avaliativas que devem acontecer no âmbito escolar; c. Oportunizar um espaço para que os professores em exercício possam se aprofundar sobre os principais conceitos de avaliação formativa, disseminando o conceito de Avaliação Pelos Pares Online; d. Realizar leituras teóricas dos principais autores que discutem sobre os tipos de avaliação que existem, trazendo-os para dentro do contexto de cada participante do curso; e. Capacitar professores da Educação Básica para a utilização do software OPA com vista a trabalhar a Avaliação Pelos Pares Online como suporte didático. f. Verificar se a compreensão sobre Avaliação Pelos Pares Online pode influenciar a prática docente na Educação Básica.