O PROTAGONISMO DO ALUNO E A MOTIVAÇÃO ESCOLAR

Abstract

A pesquisa da (des)motivação de alunos pelo ensino escolar de História no nível fundamental foi suscitada por nossas inquietações em experiências nas redes públicas do Estado de Goiás e dos municípios de Goiânia e Aparecida de Goiânia, ao longo de pouco mais de uma década como professor dessa disciplina. Bzuneck (2001) declara que é a motivação que faz com que a pessoa se mova em direção a uma determinada ação. A motivação acontece quando a pessoa vê seu interesse contemplado no processo. Arroyo (2013) aponta a negação dos interesses do aluno no ordenamento escolar, quando as “autorias” (vivências, saberes, interesses, necessidades) desses, e mesmo de professores, são negadas (silenciadas, invisibilizadas) nesse contexto, provocando desmotivação pelo ensino oferecido. Para compreender esse problema, este trabalho de pesquisa bibliográfica e de campo adotou o estudo qualitativo de dados. Os dados foram coletados a partir do método de observação participante, da aplicação de questionários e da gravação de um grupo focal com perguntas abertas. Trata-se ainda de um estudo de caso e de uma pesquisa-ação. Sacristán (2000) afirma que, embora haja cerceamentos institucionais, o professor possui uma margem de autonomia em seu trabalho pedagógico com a qual pode tentar romper com condicionamentos externos. Esse trabalho parte da hipótese de que a metodologia do professor, em sua relação com o currículo e os recursos didáticos instrumentalizados em sua prática docente, são elementos importantes para entender o objeto dessa pesquisa – a (des)motivação do aluno. Não obstante, reconhecemos que a motivação do aluno é um problema complexo que requer mais pesquisas que considere outros elementos. Este trabalho aponta e ressalta a trajetória histórica de nosso país, em que setores públicos e privados procuram controlar o ensino escolar através de medidas mantenedoras do status quo de camadas sociais privilegiadas. Nesse contexto, Monteiro (2009) destaca a centralidade dos textos curriculares e dos manuais/livros didáticos na condução das reformas educacionais de nossa República. A pesquisa observou e interrogou (questionário e grupo focal) professores de História e alunos da etapa final do ensino fundamental de uma unidade escolar da rede municipal de Goiânia da região oeste. Posteriormente, a pesquisa sugeriu e acompanhou a aplicação de uma metodologia de ensino-aprendizagem mediada pelo professor e protagonizada pelos alunos, em que estes escolhem um tema e uma forma de desenvolvê-lo em sala de aula. O objetivo é estimular a autonomia dos alunos enquanto sujeitos centrais do processo de ensino-aprendizagem.