Interconexões: Saberes e Práticas da Geografia

Abstract

Caros leitores, é com grande honra que organizo esta obra, que oportuniza a interconexão dos diversos elementos, ideias e conceitos pertinentes à geografia. Inicialmente prospectada pela divulgação da expressa sabedoria científica que os autores aqui apresentados acumularam ao longo de anos de pesquisa.

Este livro traça um caminho que leva a diversas descobertas, constituindo-se como um instrumento fundamental na sociedade contemporânea, onde os saberes científicos têm sido postos à prova; aqui, pesquisadores, mestres e doutores compartilham seus conhecimentos e práticas que certamente ampliam as perspectivas acerca da geografia.

Quando o intelectual espanhol José Sacristán, considerou a prática como a cristalização coletiva da experiência histórica das ações, fez para consolidar os padrões tradicionais e formas visíveis de desenvolver a atividade. Ora, nada mais claro que os caminhos traçados pela luz dos saberes.

Neste sentido, para superar os entraves que dificultam a compreensão da geografia como um lugar de práticas socioculturais necessárias à construção da cidadania, os dez capítulos a seguir caracterizam-se pelo vinculo indissolúvel entre saberes e práticas, e também, pelo elevado grau de consciência dos autores a quem agradeço por contribuir com a divulgação científica.

Um dos pilares da prática docente no ensino superior está em refletir sobre a sociedade, os espaços, os sujeitos, e contribuir para a transformação que correspondam aos anseios da humanidade. Nota-se nesta obra, que as universidades públicas brasileiras vêm contribuindo para a promoção do bem-estar pessoal e coletivo.

Desta forma, a primeira parte do livro composto por cinco estudos se relacionam com as dinâmicas educacionais, Éliton Novais e Janette Stoffel (Capítulo 01) apresentam-nos o perfil dos discentes da Universidade Federal da Fronteira Sul [UFFS], campus de Laranjeiras do Sul (PR), a instituição é reflexo das políticas públicas educacionais que visou a expansão do ensino superior no Brasil. O campus em questão ultrapassou a marca de mil alunos distribuídos entre os cursos de graduação, especialização e mestrado.

O estudo desenvolvido por Ricardo Gomes e Judite do Carmo (Capítulo 02) relaciona o curso de Geografia ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência [PIBID] da Universidade do Estado de Mato Grosso [UNEMAT]. O referido programa insere acadêmicos em escolas públicas para desenvolver as competências inerentes à prática docente, o locus deste estudo dá-se em Sinop (MT), onde os autores por meio da fenomenologia refletem o espaço e a identidade.

O ensino da geografia de modo lúdico, instigaram Jacks de Paulo, Stela Maris Araújo e Wellington Ferreira (Capítulo 03) a propor o uso de massinhas de modelar para representar o espaço geográfico. Tal dinâmica didática-pedagógica foi realizada com acadêmicos do curso de Pedagogia em Minas Gerais, que se reproduzida nas séries iniciais do Ensino Fundamental favorece o processo de ensino-aprendizagem de forma mais prazerosa e eficaz.

Contribuindo com a reflexão do processo ensino-aprendizagem, Joel dos Reis e Rildo Costa (Capítulo 04), focam no conceito geográfico de lugar, além de apresentar teóricos que abordam a temática, relacionam o tema com a educação. Os autores evidenciam o papel do docente na tarefa de incutir aos alunos meios de perceber o lugar ao qual estão inseridos.

Gerar inclusão digital atrelada à educação é a proposta de Fabiane Krolow, Manoela Bastos, Natalia de Oliveira, Paula Libos e Tatiene Baioneta (Capítulo 05) por meio de uma a Midiateca Flutuante em Cuiabá (MT). No projeto apresentado as autoras atrelam as evoluções do que se entendia inicialmente por bibliotecas, culminando no projeto de intervenção urbana inovadora.

Carlos de Sousa (Capítulo 06) sob as perspectivas dos estudos culturais analisa a imagem da América Latina por meio da animação francesa Mouk, que no Brasil podem ser acompanhados na TV Escola ou em plataformas de compartilhamento de vídeos. O autor selecionou seis episódios, onde Peru, Venezuela, Brasil, México, Argentina e Chile são contemplados; identificando na animação algumas particularidades e idiossincrasias acerca dos latino-americanos, e o reforço de alguns arquétipos, que podem ser superados por meio da edocomunicação.

A segunda parte do livro relaciona-se com análises diversas, dentre as quais se abordam o meio ambiente, o rural, o urbano e as imigrações. Daniela Cunha e Romerito da Silva (Capítulo 07) por meio da revisão bibliográfica analisam a forma como o meio ambiente é tratado pela geografia no campo teórico-metodológico; o que culmina na descrição da evolução do pensamento geográfico. Os autores expõem que a geografia humanista possibilita resgatar a pluralidade e unidade da geografia, uma vez que integra as relações da sociedade e da natureza.

Fabrícia Conceição e Ana Fonseca (Capítulo 08) refletem acerca do espaço rural brasileiro, o que epistemologicamente acarreta olhares sobre o processo de transformação do espaço e do território, que foram motivados pelo capitalismo e pela globalização. As autoras apontam para um novo espaço rural caracterizados pela pluriatividade e multifuncionalidade.

A pesquisa bibliográfica desenvolvida pelas integrantes do Projeto de Pesquisa “Dinâmicas Territoriais na Região Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá”, Franciellen Figueiredo, Aury Mesquita, Aiara Melo, Kayza Leite e Giseli Nora (Capítulo 09) aborda a soberania alimentar por meio de hortas urbanas coletivas. As autoras expõem as potencialidades do bem-estar social, econômico e ambiental; além de fornecer alimento saudável a uma parcela da sociedade.

Para encerrar este livro, Allan Silva (Capítulo 10) aborda as imigrações sob a ótica de um paradigma da mobilidade humana, o complexo ensaio teórico traz grandes reflexões sobre o imigrante do Sul global frente ao imigrante do Norte.

Isto posto, espero que o compartilhamento destes saberes estabeleça um diálogo com as ações e práticas de cada pesquisador, possibilitando traçar um fio condutor entre estas dualidades. Que esta obra possa encorajar mais geógrafos a romper a dicotomia e se engajar em novos desdobramentos aqui originados. Que possamos nos tornar lideranças intelectuais.